Rolando Christian Coelho, 02/03/2022
Filiação de Dário ao PSB pode ter outro destino
Durante feriado de carnaval, holofotes da política catarinense foram direcionados para um encontro entre o senador Dário Berger, ainda filiado ao MDB, e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e deve se filiar ao PSB. O destino de Berger não deverá ser diferente, e o encontro de ambos se destinou, justamente, a afinar os ponteiros neste sentido.
Alckmin almeja ser candidato à vice-presidência da República, numa chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula da Silva (PT). Para que o projeto seja exitoso, é necessário base partidária nos Estados, e, em Santa Catarina, o nome de Dário é apontado como uma alternativa viável para o PSB, na disputa pelo governo estadual.
Na prática, o que a dupla Lula/Alckmin quer é um grupo de esquerda unido em nosso Estado, irmanado a um projeto nacional com o mesmo viés ideológico. Por óbvio, Geraldo Alckmin deseja que este grupo de esquerda tenha como candidato a governador alguém filiado a seu futuro partido.
A lógica indica o PSB unido em Santa Catarina a partidos como o PT, PV, PDT, PCdoB, Solidariedade, e por ai afora. O problema é que, em política, nem sempre a lógica prevalece. Pelo menos não aquela que conseguimos ver diante de nossos olhos. O PSB, por exemplo, não deverá se federar ao PT para disputar o pleito deste ano. Isto significa que os dois partidos não estarão necessariamente juntos nos Estados, ainda que estejam em nível federal.
Paralelo a isto, convém ressaltar que o PDT deverá pular fora do bloco de esquerda em nosso Estado para apoiar a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT), caso ela seja levada adiante. Há ainda uma variante muito importante a ser considerada. Trata-se da pressão das bases do PT catarinense para que o partido tenha candidato próprio ao governo, através de Décio Lima.
Este conjunto de fatores pode levar o PSB a ter uma candidatura própria ao governo, de modo a ampliar a base de apoio da dupla Lula/Alckmin no Estado. Ao invés de um candidato, a esquerda poderia ter dois, três, capilarizando seus esforços no primeiro turno, e os convergindo no segundo.
PSB é pequeno demais para Dário e Boeira
Aproximação cada vez maior de Dário Berger com o PSB sugere atenção redobrada por parte do ex-deputado federal Jorge Boeira, que também está flertando com o partido. Boeira não esconde de ninguém que seu desejo é disputar a majoritária. Fosse a proporcional, teria ficado no Progressistas.
O PSB, no entanto, é pequeno demais para dois candidatos majoritários, o que poderia levar o ex-deputado a se filiar a uma outra sigla de esquerda para disputar, ou o governo, ou, mais provavelmente, a vice-governadoria, de alguma legenda como o próprio PSB ou PT, na eventualidade de uma candidatura de Décio Lima ao governo pelo partido.
Antídio conversa com PSD, PSDB, União e Podemos
Pré-candidato ao governo pelo MDB, Antídio Lunelli, já tem seu plano de voo bem definido com vistas à disputa deste ano: quer a composição de uma aliança de centro-direita, identificada com os princípios do conservadorismo e do liberalismo. Neste sentido, tem se reunido com lideranças do PSD, PSDB, União Brasil e Podemos.
Basicamente, quer recompor a tríplice aliança, só que mais ampliada. Em relação ao Podemos, há um entrave. É que a cúpula nacional do partido vem negociando o ingresso do governador Carlos Moisés da Silva na legenda, contra a vontade da cúpula estadual, que tem conversado com Antídio.
Bolsonaro em meio a guerra da Ucrânia é hilário
Tentativa da grande mídia de ligar o presidente Jair Bolsonaro à guerra na Ucrânia chega a ser hilária. O Brasil não consegue sequer resolver problemas seculares de divisa de fronteiras com o Paraguai e o Uruguai, e, de repente, se vê envolto no coração de uma demanda internacional, do outro lado do planeta, envolvendo potencias mundiais. Que Bolsonaro tem o queixo mais duro que um javali, disso ninguém duvida.
Todavia, a má vontade dos grandes veículos de comunicação em relação a sua gestão chega a ser vergonhosa. A grande verdade é que a Rússia é um dos maiores fornecedores de fertilizantes para a agricultura brasileira. Sem os russos, adeus agricultura nacional.
Eduardo leite está entre a cruz e a espada
Governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) está entre a cruz e a espada. No final do ano passado ele disputou as prévias de seu partido com vistas à Presidência da República. Em meio à disputa se comprometeu a respeitar a vontade dos tucanos e apoiar o vencedor, caso saísse derrotado do processo.
O PSDB optou por João Dória Júnior, a quem Leite prometeu apoio público. Para 2022 ele tem duas opções: descumprir a promessa e mudar de partido para disputar a Presidência, ou tentar a reeleição ao governo gaúcho, o que o levaria a descumprir outra promessa. É que em 2018 ele disse que não disputaria a reeleição. Sendo assim, se disputar o governo ou a presidência, Eduardo Leite estaria faltando com sua palavra.