Rolando Christian Coelho | A democracia antidemocrática do MDB de SC

Presidente estadual do partido é acusado de antidemocracia por cumprir com o que foi acordado

Rolando Christian Coelho, 09/02/2022

A democracia antidemocrática do MDB de SC

Cúpula do MDB de Santa Catarina se reunirá hoje para discutir a crise que se abateu sobre o partido, depois que o presidente da legenda, o deputado federal Celso Maldaner, baixou resolução ratificando para o próximo dia 19 as prévias do partido, com vista à escolha de seu candidato ao Governo do Estado.

No embalo, Maldaner determinou que as inscrições dos interessados em concorrer ao governo deverão ser feitas até amanhã. A resolução também determina que só poderá se inscrever como postulante ao governo emedebistas que já estejam filiados ao partido há no mínimo seis meses.

Esta série de medidas subscritas por Celso Maldaner beneficiam diretamente o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, um dos três pré-candidatos ao governo pelo MDB. Os outros dois são o próprio Maldaner e o senador Dário Berger, ambos considerados cartas fora do baralho neste processo de escolha interno.

Como em toda história, se há um beneficiado, há um prejudicado, e este é o governador Carlos Moisés da Silva, que, em princípio, tem o apoio dos deputados estaduais do MDB para disputar a reeleição pelo partido. De forma uníssona, os parlamentares defendem a invalidação da resolução de Maldaner, e, aproveitam para declaram apoio a Carlos Moisés. De acordo com os deputados, a resolução é antidemocrática, e fere o princípio do amplo debate interno que sempre teria marcado a história emedebista.

A bem da verdade, Celso Maldaner está meramente cumprindo com aquilo que o próprio partido decidiu em agosto do ano passado, e retificou já no final de 2021. Nestes dois momentos a legenda determinou que ocorressem prévias no dia 19 de fevereiro de 2022, algo que, aliás, naquele momento depunha contra Antídio Lunelli, que queria a deflagração do processo de escolha ainda dentro de 2021.

No que diz respeito a obrigatoriedade de se estar filiado há seis meses no partido, para poder concorrer ao governo, nada de mais. Isto é estatutário, justamente para evitar a emersão de candidaturas sem vínculos históricos e de militância na legenda.

Neste contexto, a antidemocrática estaria justamente no não cumprimento do que vem sendo construindo ao longo dos últimos meses pelo comando do MDB catarinense. Se há um golpe, ele estaria justamente na construção de uma candidatura pragmática e, aparentemente fisiológica, como a que vem se articulando em torno do governador Carlos Moisés.

Governador no MDB seria excelente para os prefeitos do partido

Para o MDB, ter o governador Carlos Moisés da Silva como seu candidato ao governo pode significar a redenção da legenda. Isto porque, não só o governador seria um emedebista, como o MDB entraria pela porta da frente no governo, ajudando a dar as cartas oficialmente na gestão estadual.

O governador também ficaria na obrigação de atender de forma diferenciada os prefeitos filiados ao partido, ampliando os benefícios para as prefeituras comandadas pela legenda. Se o projeto de reeleição dará certo, ou não, é uma outra história, mas, sem dúvidas, o MDB entraria na disputa eleitoral de 2022 totalmente reoxigenado em Santa Catarina.

No Sul de SC, MDB é francamente favorável a Carlos Moisés

Na eventualidade da confirmação da reeleição de Carlos Moisés da Silva pelo MDB, o Sul do Estado também teria a grande oportunidade de sanar boa parte de suas demandas históricas ligadas ao setor de infraestrutura.

Várias lideranças sulistas do partido já declararam apoio a Carlos Moisés, a exemplo do ex-governador Eduardo Moreira, dos deputados Luiz Fernando Vampiro, Ada de Luca e Volnei Weber, e de prefeitos de municípios de expressão, como César Cesa, de Araranguá. Todos, além de tantos outros ligados ao partido, têm um perfil desenvolvimentista, e já conseguiram assegurar milhões de reais em convênios junto ao governo para o Sul catarinense.

Maldaner vai insistir na tese das prévias no dia 19 de fevereiro

Fonte ligada diretamente ao prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, garante que Celso Maldaner irá manter prévias do MDB para o dia 19 de fevereiro, mesmo diante dos protestos dos deputados estaduais do partido.

Agora, imagine a situação: de um lado o comando da legenda querendo escolher seu candidato ao governo já na próxima semana, e de outro os deputados estaduais, que deveriam ser os principais estimuladores da participação de filiados na convenção, trabalhando para que isto não aconteça. Alheio aos pedidos dos deputados, ontem Celso Maldaner começou a rascunhar os nomes de quem o ajudará no comando das prévias.

Um dos planos de Maldaner é ter Antídio e Berger na mesma chapa

Mesma fonte revela que, neste momento, está sendo tentada uma aliança entre Antídio Lunelli e o senador Dário Berger. O projeto passaria por uma candidatura de Antídio ao governo, tendo Dário Berger como candidato a vice em sua chapa.

Caso isto seja de fato encaminhado, o movimento timonado pelos deputados estaduais em prol do governador Carlos Moisés da Silva perderia bastante impulsionamento, pois significaria a união de esforços dos pré-candidatos da legenda ao governo estadual. Vale lembrar que o presidente estadual do MDB, Celso Maldaner, ainda que seja oficialmente pré-candidato ao governo, está trabalhando pela candidatura de Antídio.

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