Presidente Lula da Silva (PT) tem reclamado da falta de mobilização dos movimentos sociais. Tem dito a interlocutores que se sente sozinho, diante da missão de enfrentar um Congresso Nacional composto, em sua maioria, por políticos de direita e de centro. Por conta disto, vê, justamente na pressão popular, a saída para encaminhar pautas de seu governo junto a deputados e a senadores.
O que Lula quer é a retomada das mobilizações sociais, que de certo modo esculpiram a esquerda brasileira. O grande problema do presidente é que as grandes demandas nacionais, bem ou mal, acabaram sendo sanadas ao longo dos últimos 30 anos. O piso salarial do magistério é um exemplo. Faz anos que não vemos a deflagração de uma greve dos professores por questões salariais. A luta dos Sem Terra é outro exemplo. Os assentamentos patrocinados pelo Governo Federal, desde a época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), trouxeram letargia ao MST. No que diz respeito a casa própria, só não pegou dinheiro subsidiado para construir sua moradia, com três décadas para quitação, quem não quis. A economia estabilizada, sem grandes índices inflacionários, é outro fator de acomodação popular. Tudo isto, e muito mais, como as conquistas do movimento estudantil, contribuíram para que os movimentos sociais adormecessem. Não à toa, nos últimos anos, as demandas da esquerda brasileira passaram a ser muito mais de cunho ideológico do que de cunho social.
A falta de mobilização dos movimentos sociais, aliás, é o grande paradigma da esquerda mundial. É que quanto mais um país cresce economicamente, menores são as injustiças sociais, e menores são as mobilizações sociais que dão sustentação a esquerda. Na prática, quanto mais a esquerda trabalhar para acabar com as injustiças sociais, mais a direita vai crescer. Está justamente aí o dilema de Lula.
Finais
Prefeito de Praia Grande, Fânica Machado, foi eleito presidente municipal de seu partido, o Progressistas. Durante o discurso de posse ele demonstrou interesse em conversar com outras siglas para a composição de uma frente única na eleição municipal do ano que vem. Uma ala do MDB, principal adversário de Fânica, está trabalhando para que o partido aceite ser vice do Progressistas em 2024. Caso a dobradinha PP/MDB seja celada em Praia Grande, ela se dará em torno do projeto de reeleição de Fânica Machado. Como o projeto ainda é embrionário, existem objeções dentro das duas legendas a esta possibilidade, com a maior resistência vindo do MDB. O partido, no entanto, não tem apresentado nenhum nome de peso para disputar a próxima eleição municipal, o que aumenta as chances de indicar o vice do atual prefeito.
Deputado estadual José Milton Scheffer (PP) já começa a defender de forma mais aberta a candidatura do vereador Peri Soares (PP) ao executivo municipal, ano que vem. De acordo com Zé Milton, o vereador reúne os critérios necessários para administrar o município, por conta da experiência que acumulou ao longo dos últimos mandatos no legislativo sombriense. O deputado também ressalta que Peri foi o vereador mais votado nos dois últimos pleitos eleitorais, o que seria prova de sua popularidade no município. A fala de Zé Milton acaba servindo de baliza para o Progressistas sombriense. Oficialmente o partido ainda não definiu quem será seu candidato a prefeito, pois a pré-candidatura do bioquímico Cristian da Rosa ainda não foi retirada. O deputado, todavia, já está antecipando o que deve acontecer nas internas de seu partido.