Santa Catarina vive um momento político interessante. A velha tríplice aliança, alinhavada pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira (MDB) em 2002, voltou à tona vinte anos depois, através de linhas paralelas. Naquela ocasião, Luiz Henrique conseguiu atrair o PSDB para seu projeto, legenda que abandonou o barco do então governador Esperidião Amin (PP), aliando-se ao emedebista. No embalo, o então PFL, que em Santa Catarina migrou mais tarde para o PSD, permaneceu com Amin apenas no santinho eleitoral. Na prática, instigado por figuras como Raimundo Colombo, Jorge Bornhausen e Júlio Garcia, também esteve com LHS.
Naquele pleito de 2002, dividindo palanque com Luiz Henrique, o então deputado estadual Jorginho Mello, que era filiado ao PSDB, conquistou seu terceiro mandato. Hoje ele é governador do Estado. Na mesma eleição, também foram eleitos os deputados estaduais João Henrique Blasi e Herneus de Nadal, ambos filiados ao MDB. Blasi é o atual presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o maior cargo do judiciário estadual, e Herneus foi empossado ontem como presidente do Tribunal de Contas do Estado, cargo de maior relevância dentre os poderes fiscalizadores da gestão pública catarinense.
Nunca é demais ressaltar que Herneus de Nadal, ao não participar mais da política eleitoral e ingressar no Tribunal de Contas, abriu espaço para que seu primo, Mauro de Nadal (MDB), disputasse a Assembleia Legislativa por sua base eleitoral, no Extremo Oeste do Estado. Eleito deputado pela terceira vez seguida, Mauro é hoje o presidente da Assembleia Legislativa.
Trata-se de um alinhamento de astros muito interessante no cenário catarinense, que, em princípio, nada tem haver com alinhamento político, já que estamos falando de quatro poderes independentes. Todavia, não deixa de ser extremamente interessante observar o quanto a política é cíclica e o quanto passado e presente andam lado a lado quanto o assunto é o poder.
Bolsonaro volta em março e já começará oposição a Lula
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já tem data para disparar sua artilharia contra o presidente Lula da Silva (PT). Em entrevista concedida à imprensa dos Estado Unidos, Bolsonaro disse que voltará ao Brasil em março, e que, a partir de então, se dedicará a “acompanhar de perto” o governo Lula, por óbvio, com o objetivo de reaglutinar os bolsonaristas com vistas a um projeto nacional para 2026. O ex-presidente sabe, no entanto, que muito de 2026 precisa ser alinhavado já a partir das eleições municipais do ano que vem. A conquista de prefeituras e de cadeiras nas Câmaras Municipais acaba sendo a matriz energética de qualquer eleição nacional, e não será diferente neste novo ciclo eleitoral. O que se pode dizer é que a próxima campanha presidencial começará já no mês que vem.
Resposta do MDB a proposta de Jorginho Mello deve sair hoje
É esperada para hoje uma posição do MDB em relação a sua participação, ou não, no governo de Jorginho Mello (PL). Na segunda-feira a bancada estadual do partido, com exceção de Mauro de Nadal, e o presidente estadual da sigla, o deputado federal Carlos Chiodini, se reuniram com Jorginho, ocasião em que ficou definido que até nesta quarta-feira seria oficializada uma resposta. Ato seguinte, foi deliberado na cúpula emedebista que a última palavra sobre o tema caberia aos deputados estaduais do partido. Em linhas gerais, a proposta de Jorginho Mello passa pela entrega da Secretaria da Infraestrutura ao MDB em troca de apoio parlamentar na Assembleia. A decisão de aderir ou não a gestão de Jorginho permanece uma incógnita, já que metade dos parlamentares quer, e a outra metade não quer este encaminhamento.