Prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, confirmou na quarta-feira sua saída do PSDB e ingresso no PSD, o que deve acontecer no próximo dia 26, em ato estadual do partido em Florianópolis. Desde o início do ano a saída do prefeito criciumense do ninho tucano já era especulada, e sua futura filiação disputada especialmente do PSD e pelo Progressistas. A ida para o PSD chegou a ser questionada nos bastidores da política catarinense por conta da presença do deputado federal Ricardo Guidi no partido. Guidi, que é o presidente do PSD criciumense, quer ser candidato a prefeito no município ano que vem, e Clésio almeja apoiar seu atual secretário de Governo, Arleu da Silveira, na disputa. Este impasse ainda não está resolvido, e é possível que o ingresso de Salvaro no PSD com seu grupo político possa fazer com que Ricardo Guidi deixe o partido. Neste sentido é especulada sua ida para o PL, dos deputados federais Daniel Freitas e Júlia Zanatta.
Em princípio, o grupo ligado a Salvaro só deverá migrar para o PSD ano que vem. É que muitos são vereadores filiados ao PSDB, a exemplo do próprio Arleu Silveira, que está licenciado ocupando o cargo de secretário municipal. A desfiliação agora do ninho tucano neste momento levaria fatalmente ao enquadramento por infidelidade partidária e perda de mandato, atrapalhando os planos para 2024. É preciso que primeiro seja aberta a janela de transferência partidária do período eleitoral.
Com a saída de Salvaro do PSDB o partido sofre um forte revés no Sul do Estado. Vale lembrar que a deputada federal Geovânia de Sá (PSDB) não conquistou sua reeleição no ano passado e só está na Câmara Federal porque a titular de sua cadeira, a deputada federal Carmem Zanotto (Cidadania), aceitou ser Secretária de Estado da Saúde na gestão de Jorginho Mello (PL). No momento em que Carmem voltar ao Congresso Nacional, Geovânia perde seu mandato. Afora isto, também é especulada a saída de prefeitos do PSDB do partido, especialmente pela falta de representatividade parlamentar da legenda, o que deixa os líderes político cá embaixo à deriva. Vale lembrar que o governador Jorginho Mello está de braços abertos para recebê-los.
Finais
Em nota pública, prefeito de Criciúma Clésio Salvaro ressaltou que era filiado ao PSDB desde 2002, partido pelo qual foi eleito deputado estadual, e eleito e reeleito prefeito municipal. Na nota, disse que “depois de muito refletir, frente às últimas mudanças do cenário político”, tomou a difícil decisão de se desfiliar. Em tempo, agradeceu “os grandes amigos” que fez na legenda e reconheceu o apoio que teve durante os anos de militância no partido. Ele agradeceu ainda “às lideranças federais, estaduais e municipais que sempre deram respaldo” ao seu governo “trazendo recursos e auxiliando na concretização de projetos que beneficiam Criciúma”. Por fim, reafirmou sua gratidão ao PSDB, desejando que o partido “continue crescendo e contribuindo na construção de uma democracia forte, com desenvolvimento e justiça social”.
Aqui no Extremo Sul Catarinense a ida de Clésio Salvaro para o PSD não deverá mexer substancialmente com o jogo político eleitoral para o ano que vem. O PSDB, que perdeu a filiação de Salvaro, conta com dois prefeitos na Amesc: Kekinha dos Santos, de Balneário Gaivota, e Almides da Rosa, de Santa Rosa do Sul. Todavia, o PSD é adversário destas suas gestões municipais. Sendo assim, nem Kekinha, nem Almides, deverão deixar o PSDB para seguir Salvaro no PSD. O que pode acontecer é justamente o contrário. Caso Ricardo Guidi se aproxime de PL, visando a disputa da Prefeitura de Criciúma pelo partido, isto reforçaria a legenda no Sul do Estado, colocando definitivamente Kekinha e Almides no radar do PL catarinense, algo que, diga-se de passagem, já é especulado nos bastidores da política sulista.