Diálogos Abertos com o tema “Transtorno de Espectro Autista”, abordou questões envolvendo o direito cível, psicologia, pedagogia e diagnósticos. Encontro foi realizado na sede da Amesc por meio do setor de Cursos Livres da Universidade
A Unesc Araranguá em parceria com a Amesc, a Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense, realizou na tarde de segunda-feira, dia 6, o evento Diálogos Abertos com o tema “Transtorno de Espectro Autista”. Os palestrantes e professores da Universidade abordaram questões envolvendo o direito cível, psicologia, pedagogia e diagnósticos no encontro realizado na sede da Amesc por meio do setor de Cursos Livres da Universidade.
Prestigiando a abertura do encontro e ressaltando a importância da parceria da instituição com a Amesc, a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão, Gisele Coelho Lopes, que representou a reitora Luciane Bisognin Ceretta no evento, enalteceu o papel fundamental que a Unesc, como Universidade comunitária, junto ao Sul catarinense e suas demandas. “A Unesc mostra neste ato o seu protagonismo na formação de professores nesses seus 55 anos de história. Enquanto em 2022 nós planejávamos o futuro das cidades, hoje a Unesc coloca em prática um dos projetos que foi solicitado pela população enquanto estávamos discutindo sobre como poderíamos melhorar a educação básica nesta região. Com a alta dos diagnósticos, mais informações e tecnologias ligadas ao assunto, é importante que os professores estejam preparados. A Universidade tem em seu no seu corpo docente, profissionais habilitados e altamente capacitados para atender esta demanda dos municípios, para preparar os professores da educação básica para lidar com esse novo aluno que chega às escolas públicas”, ressaltou.
A preocupação com o aumento no número de alunos com diagnóstico de autismo matriculados nas escolas do município é assunto em discussão, conforme a secretária de Educação de Morro Grande e presidente do colegiado de Educação da Amesc, Aline Coral, desde 2022. “Nós, gestores dos municípios, desde o ano passado, estávamos muito preocupados com a chegada de muitos alunos com o diagnóstico de autismo nas nossas escolas e a forma como deveríamos lidar com essa realidade. Foi uma espécie de explosão. De um ano para o outro, muitas matrículas de crianças com o TEA, Transtorno do Espectro Autista. Ainda em 2022 tivemos um feliz encontro com a Universidade, por meio do qual foi solicitado que a Unesc iniciasse uma abordagem sobre sobre esse diagnóstico”, frisou.
Para ela, o encontro desta segunda-feira foi apenas o início de uma série de ações que podem ser realizadas coletivamente. “É um marco para que mais adiante outros encontros sejam promovidos. Somos muito gratos à Unesc por prontamente nos auxiliar nessa demanda”, concluiu.
Unesc integrada à comunidade
O evento realizado na Amesc é uma das resoluções definidas em encontros ocorridos em 2022, envolvendo a Universidade com os secretários de educação da Amesc. Segundo a diretora e professora da Unesc Araranguá, Izabel Regina de Souza, o autismo foi uma das demandas apresentadas para que a Universidade desenvolvesse uma formação para orientar os profissionais de educação. “Aproveitamos para incluir também os técnicos da saúde e da assistência social. Esse tema vem muito forte na realidade de todos os municípios. Aprofundar o conhecimento no assunto traz mais qualidade de vida para os pacientes e familiares, e assim, a nossa Universidade marca sua presença ao discutir os problemas na raiz, trazendo informações valiosas para a comunidade”, explicou.
Ainda, conforme a coordenadora de pós-graduação da Unesc, Mágada Tessmann, a ideia é promover uma capacitação mais aprofundada em um futuro próximo.
Abordagens sob diferentes vieses
O professor Zolnei Vargas Ernesta de Córdova, especialista em Gestão do Suas, o Sistema Único de Assistência Social, Terapias Familiar e coordenador do Programa Acolher da Unesc, abriu o diálogo abordando a Rede Intersetorial, a comunicação entre a família e a escola. “Precisamos despertar a necessidade de capacitação dos profissionais que atuam na Rede Intersetorial e como eles dialogam acerca da criança e do adolescente com autismo”, comentou.
O direito do autista
Os direitos garantidos pela legislação para as pessoas com autismo. Este foi o assunto apresentado pelo professor do curso de Direito da Unesc, Ismael de Cordova, advogado, pesquisador em Políticas Públicas da Assistência Social. “Trouxe para o diálogo a sistematização das Leis, em nível mundial, nacional e estadual, os avanços dentro do processo legislativo focado especificamente nestes casos”, considerou em sua fala ao grupo.
Capacitação
A Pedagogia também foi abordada no encontro realizado no auditório da Amesc. A professora Édina Regina Baumer, mestre em Educação, atuante na Formação de professores para a Educação Básica na Unesc, tratou sobre a Legislação Educacional, Educação Inclusiva e Música na escola.
Sinais e sintomas
A psicóloga Suzamara Veira, professora, Neuropsicóloga, mestra em Saúde Coletiva e especialista em RAPD, Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, palestrou sobre os sinais e sintomas do transtorno.
A ideia, conforme Suzamara, é que o autismo seja identificado até os 36 meses, ou seja, até os três anos de idade. “Trazer para o profissional de saúde, o educador, e o professor informações sobre a sintomatologia e fazê-los entender um pouco como acontece essas características sintomáticas do autismo vai fazer com que eles estejam mais atentos à realidade da experiência em sala de aula”, comentou.
As duas realidades
A professora do IFC, Instituto Federal Catarinense, de Sombrio, Darquioni Feijó da Rocha, vivencia as duas realidades. Ela também é mãe de duas crianças autistas. “Venho ressaltar o quanto é significativo e importante que não só nós, pais e mães, possamos buscar essa informação, mas ter a parceria de instituições que nos trazem ao contexto profissional mais dados no aspecto científico para vencermos os mitos que a internet disponibiliza e que muitas pessoas acabam acreditando. Eu considero muito significativo esse movimento e, realmente, nós precisamos fazer com que o autismo seja conhecido em todas as instâncias; na saúde, na educação, nos espaços de lazer e pela sociedade. Esse tipo de formação vai nos trazer um suporte muito importante, com embasamento técnico, que foge daquele achismo”, ponderou.