Rolando Christian Coelho, 17/06/2022
Silêncio de Antídio Lunelli é ensurdecedor
Semana está terminando com um silêncio ensurdecedor por parte do ex-prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, ainda pré-candidato ao Governo do Estado pelo MDB. No início do mês Antídio e os deputados estaduais do MDB protagonizaram uma grande queda de braços dentro do partido, que culminou com a convocação de uma reunião da executiva estadual da sigla, sob o comando da terceira vice-presidente emedebista, a deputada estadual Ada de Luca.
Os ânimos se inflamaram depois disto, com o próprio Antídio entrando em campo e se reunindo com os deputados para discutir os planos da legenda. Paralelo a isto ele se reuniu com o próprio governador Carlos Moisés da Silva (Rep), a quem os deputados estaduais do MDB querem hipotecar apoio.
Em meio a toda esta situação, uma reunião do diretório estadual, convocada previamente para a última segunda-feira, 13, foi cancelada pelo presidente do partido, Celso Maldaner. Tudo levava a crer que Antídio Lunelli iria jogar a toalha e anunciar que não seria mais candidato ao Governo do Estado, mas ele não fez isto. Na última terça-feira, reunido com deputados federais do MDB em Brasília, disse que se pronunciará na próxima segunda-feira, dia 20, mas não comunicou a mais ninguém que fará isto, e se fará.
A preocupação dos deputados estaduais do MDB em relação a Antídio não é pequena. Todos sabem que se ele não estiver engajado ao projeto do governador Carlos Moisés da Silva, praticamente todo o seu grupo de apoiadores migrará para outras candidaturas. Vale lembrar que a grande força de Antídio não está no MDB, e sim no meio empresarial, e principalmente industrial, de Santa Catarina.
É justamente por conta disto que uma candidatura de Antídio como vice de Carlos Moisés é vista com muitos bons olhos por parte daqueles que apoiam o atual governador. Já uma candidatura sua ao Senado o deixaria livre para se aproximar de outras candidaturas ao governo, pois se trata, grosso modo, de uma candidatura avulsa.
Antídio, no entanto, não se pronuncia. Não diz se de fato irá levar seu projeto de candidatura ao governo adiante, se aceita ser vice de Carlos Moisés, ou se irá querer postular uma vaga ao Senado. Na verdade, não diz nem mesmo se irá participar das eleições deste ano como candidato. Tudo isto causa uma grande interrogação dentro do MDB, e também dentro das demais coligações que vêm se articulando.
Caso Antídio fique totalmente fora do jogo eleitoral, quem mais ganha com isto é o ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, que é pré-candidato ao governo pelo União Brasil, já que seu grupo político também é fortemente afinado com o meio empresarial catarinense. Jorginho Mello (PL) também colheria frutos, e, mais distantemente, Esperidião Amin (PP). Não à toa, a agonia por um posicionamento definitivo de Antídio é tão esperado.
Luciano Hang indica candidato na chapa de Jorginho Mello
Ainda que tenha dito que não irá interferir nas eleições estaduais deste ano, pelo menos demonstrando algum tipo de estima por um candidato de centro-direita, empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, está muito próximo do senador Jorginho Mello, que disputará a governadoria do Estado pelo PL.
Hang indicou, por exemplo, o empresário Hermes Klann, de Brusque, para compor como primeiro suplente do ex-secretário Nacional da Pesca, Jorge Seif, que será candidato ao Senado pelo PL, na chapa majoritária de Jorginho. Luciano Hang ressaltou que é amigo pessoal de Hermes há mais de quatro décadas, o que o credenciaria a abonar a indicação. “Trata-se de uma pessoa preocupada com o Brasil, com os destinos de nossa nação, e atenta as armadilhas da política”, comentou Luciano.
O PL aceitou a indicação, e deverá homologar o nome de Hermes Klann como primeiro suplente de Jorge Seif. A candidatura de Seif ao Senado, por sua vez, foi referendada pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), algo interpretado pelo meio político catarinense como um grande tiro no pé do projeto de Jorginho Mello, na medida em que restringiu a possibilidade da ampliação de seu leque de aliança com outras legendas.
Líderes progressistas não estão entusiasmados com candidatura de Amin
Desânimo das principais lideranças do Progressistas do Sul catarinense, por conta da insistência do senador Esperidião Amin (PP) em ser candidato ao governo é explícito. Ninguém quer colocar a cara a tapa, dando uma declaração em alto e bom tom contra o projeto de Amin, mas o fato é que a crença no sucesso empreitada é praticamente zero.
Os principais líderes da legenda no Sul do Estado estão fortemente inclinados a apoiar o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva (Rep), e muitos já aceitam até mesmo fazer isto ainda que ele esteja comprometido até a alma com o MDB. É voz corrente que, nunca na história de Santa Catarina, os municípios receberam tantos recursos do Governo do Estado, independentemente da legenda que os administra. Romper com o governador neste momento poderia significar a suspensão da vinda de recursos para os prefeitos progressistas.
Mais do que isto, poderia significar a completa exclusão dos planos do governo, em uma eventual segunda gestão de Moisés. A falta de fé em um projeto de Esperidião Amin não é injustificada. Ele disputou o governo em 2002 e perdeu, o que também aconteceu em 2006. Em 2010, sua esposa, Ângela Amin (PP), foi candidatura e também perdeu. O trauma não é pequeno.