Rolando Christian Coelho, 20/06/2022
Respiradores serão Calcanhar de Aquiles de Moisés
Divulgação do resultado de uma sindicância realizada pelo Governo do Estado, para apurar fatos relacionados à compra de 200 respiradores que ajudariam no combate a Covid-19, em Santa Catarina, começou a dar o tom da campanha eleitoral deste ano. Como se sabe, os 200 respiradores, que custaram R$ 33 milhões, nunca foram entregues, e tampouco o dinheiro foi integralmente repatriado.
A sindicância, no entanto, culminou com a punição de apenas uma servidora, que ficará 15 dias suspensa de suas atividades. A tal punição ainda é passível de recurso. Todos os demais supostos envolvidos foram absolvidos pelas apurações internas da Secretaria de Estado da Saúde.
Por óbvio que a investigação interna transcorreu sobre a batuta do governador Carlos Moisés da Silva (Rep.), que não tem nenhum interesse em reavivar o caso dos respiradores. A oposição, no entanto, já está dando a entender que não deixará o assunto morrer. Na Assembleia Legislativa, os deputados estaduais Bruno Souza (Novo) e Carlos Henrique de Lima, o Sargento Lima (PL), se revezaram nas críticas ao governo, por conta do desdobramento dos fatos. Bruno é aliado de Odair Tramontin, que será candidato do Novo ao Governo do Estado. Já Sargento Lima é aliado do senador Jorginho Mello (PL), que também disputará o governo.
No embalo, o próprio Jorginho se pronunciou a respeito do resultado da sindicância, tecendo duras críticas à gestão de Carlos Moisés. Críticas que se inflamaram ainda mais, por conta da ausência do governador nos cerimoniais de recepção ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que no sábado esteve em Blumenau, Itajaí e em Tubarão, onde fez a entrega das instalações do serviço de radioterapia do Hospital Nossa Senhora da Conceição e habilitou o serviço.
“O Estado vive uma crise no setor de saúde, com a falta de leitos de UTI. Será que não seria importante um governador acompanhar um roteiro de um ministro da Saúde e levar suas demandas? Espero que o Estado seja responsável e autorize logo o funcionamento desta radioterapia para que os pacientes não tenham de se deslocar para outros centros”, cobrou o senador.
A aludida falta de estrutura no setor da saúde também vem sendo criticada pelo ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (União), que, do mesmo modo, é pré-candidato ao Governo do Estado. De acordo com ele, a o sistema público de saúde ligado ao Governo do Estado é precário e ineficiente. Essa fala também é recorrendo nos pronunciamentos do ex-governador Raimundo Colombo (PSD), que será candidato ao senado na chapa de Loureiro. O mesmo tema é constantemente abordado pelo senador Esperidião Amin (PP), igualmente pré-candidato ao governo.
O que se percebe claramente é que a oposição já escolheu seu tema preferido para bater em Carlos Moisés: saúde. A defesa não é muito fácil, afinal de contas não há lugar no mundo aonde a saúde pública seja plenamente satisfatória. No caso da atual gestão, há ainda a questão dos respiradores, que será revivido por todos os oponentes do governador.
A bem da verdade, o governo perdeu a grande oportunidade de fazer com que a sindicância jogasse a seu favor. Ainda que supostamente não tenha havido dolo, o que não faltaram foram culpados pela trapalhada na compra dos respiradores.
PDT se aproxima de Décio Lima e isola Dário Berger
Final de semana interessante na política catarinense. No sábado o pré-candidato do PT ao Governo do Estado, Décio Lima, fez circular informação dando conta que o PDT teria anunciado apoio a ele. Ninguém do PDT, no entanto, confirmou a informação oficialmente, ainda que isto seja voz corrente dentro do partido.
Basicamente, tudo indica que PT e PDT se acertaram, com Décio aproveitando para dar publicidade a isto, mas com os brizolistas ainda tentando esconder o jogo, já que estavam mais próximos da candidatura de Dário Berger (PSB) ao governo.
A confirmação do apoio do PDT ao PT, no entanto, passa pela indicação do ex-deputado federal Jorge Boeira (PDT) como candidato ao Senado pela Frente Democrática. Vale lembrar que o vereador de Florianópolis Afrânio Boppré (Psol) e a ex-deputada Ângela Albino (PcdoB), também estão de olho nesta vaga, e ambos são muitos próximos do PT.
Pavan se coloca a disposição do PSDB para 2022
Ainda na linha dos fatos interessantes, no PSDB o ex-governador Leonel Pavan anunciou que está à disposição do partido para concorrer a uma vaga majoritária no pleito de Outubro. Em princípio, os tucanos estão apostando no nome do ex-senador Dalírio Beber para uma composição.
O partido já disse que não tem intenção de concorrer ao governo, mas se dispõe a indicar Dalírio para concorrer como candidato a vice, ou a senador. Negociações neste sentido têm se dado com o governador Carlos Moisés da Silva (Rep.) e com o senador Esperidião Amin (PP), ambos postulantes ao comando do Estado no pleito deste ano.
Pavan terá dificuldades em levar seu projeto adiante, já que nos últimos dez anos ele perdeu praticamente toda sua influência dentro do comando estadual do partido. Atualmente, ele seria o terceiro, ou quarto nome para ser lembrado em uma composição majoritária da sigla.