Rolando Christian Coelho | MDB rachou de vez em Santa Catarina

Celso Maldaner comanda grupo pró-Antídio Lunelli, e Ada de Luca comanda grupo pró-Carlos Moisés

Rolando Christian Coelho, 01/06/2022

MDB rachou de vez em Santa Catarina

Executiva estadual do MDB se reuniu ontem para deliberar sobre o destino do partido com vistas às eleições deste ano. Detalhe: a reunião foi presidida pela terceira vice-presidente, deputada estadual Ada de Luca, já que nem o presidente Celso Maldaner, tampouco o primeiro vice-presidente, Edinho Bez, como também o segundo vice-presidente, Antídio Lunelli, concordavam com a convocação.

Ainda assim, Ada conseguiu o aval da maioria da executiva para convocar o diretório estadual do partido já nos próximos dias. O objetivo é colocar em votação a aprovação de uma coligação do MDB com o Republicanos, do governador Carlos Moisés da Silva. Na prática, este grupo do MDB quer indicar o vice de Moisés.

A situação é para lá de complicada, já que no próximo dia 11 de junho deverá ser lançada oficialmente a pré-candidatura de Antídio Lunelli ao Governo do Estado. Paralelo a isto, também já está agendada para o dia 5 de agosto a convenção estadual do partido, que, em princípio, ratificaria as prévias do MDB que endossaram o nome de Antídio como candidato a governador no último mês de fevereiro.

Nitidamente, o que se percebe é que não haverá acerto no MDB catarinense. Caso prevaleça a candidatura de Antídio, o grupo composto por deputados estaduais e pela maioria dos prefeitos e vices do partido, deverá se aliar extraoficialmente ao projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva.

Caso este grupo derrube a candidatura de Antídio, é muito provável que seu grupo se alie a uma outra candidatura, que, em princípio, deverá ser a de Gean Loureiro (União). Isto também se daria de forma extraoficial.

Independentemente de qualquer deliberação neste momento, vale lembrar que qualquer decisão, para se tornar oficial, precisa ser tomada entre 20 de julho e 5 de agosto, que é quando a legislação eleitoral permite a realização de convenções.

Ainda que este racha seja histórico, o MDB sempre enfrentou problemas internos em Santa Catarina. Na década de 1980 a briga era entre os grupos de Pedro Ivo Campos e Luiz Henrique da Silveira. Na década de 1990 a briga era entre o grupo de Paulo Afonso Vieira e de Eduardo Moreira.

Nos anos 2000 Moreira continuou brigando, só que agora com Luiz Henrique da Silveira, embates estes que acabaram se estendendo até 2014. Depois de tantos conflitos internos, em 2018 o MDB praticamente cruzou os braços diante da candidatura de Mauro Mariani, que sequer conseguiu chegar ao segundo turno da eleição estadual.

]Grosso modo, o grupo que ainda assim estava com Mariani hoje está com Antídio, e o grupo que não se esforçou nenhum pouco por Mariani está hoje com Carlos Moisés.

Plano B de Antídio deve ser Gean Loureiro

Caso o grupo do MDB que apoia o governador Carlos Moisés da Silva (Rep) saia vitorioso no embate interno do partido, que visa derrubar a pré-candidatura de Antídio Lunelli, quem deverá ganhar muito com isto é Gean Loureiro (União), que começou sua carreira política no MDB. Gean é ligado a Antídio, e ambos são ligados a família Bornhausen e também ao ex-governador Raimundo Colombo (PSD).

Não à toa o PSD está apoiando Loureiro, como também Antídio contava como certa uma aliança com os pessedistas, caso o MDB estivesse unido em seu entorno. Em princípio, o projeto deste grupo passava por uma candidatura de Antídio ao governo, com Gean Loureiro concorrendo como seu vice, e o PSD indicando Colombo para disputar o Senado.

No meio do caminho, no entanto, boa parte do MDB se aliou ao governador Carlos Moisés, deixando Antídio em maus lençóis diante de seus aliados, que acabaram criando um projeto alternativo. Se sofrer uma rasteira, no entanto, provavelmente o grupo de Antídio estará com Gean Loureiro.

Lula não vem e Dário vai ter que esperar posição do PT

PT cancelou vinda do ex-presidente Lula da Silva nesta semana à Santa Catarina. A agenda contemplava uma série de encontros na quinta e sexta-feira. O PT alegou a indisponibilidade de um local para receber Lula, assim como condições climáticas adversas, como motivo para o adiamento. Nos bastidores, corre a boca miúda que o cancelamento da agenda foi provocado para evitar pressão, por parte do PSB, sobre Lula.

O partido quer que o ex-presidente intervenha para que Décio Lima (PT) se retire do processo, como pré-candidato ao Governo do Estado. Do mesmo modo, quer que Lula assegure que o senador Dário Berger (PSB) é quem será o candidato a governador pela Frente Democrática, grupo composto por oito partidos de esquerda que, por ora, estão unidos em Santa Catarina.

O PT diz que não há correlação entre o cancelamento da agenda e a pressão do PSB. Todavia, enquanto Lula não vem a Santa Catarina, Décio ganha tempo para se solidificar como o nome da esquerda que disputará o governo catarinense.

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