Rolando Christian Coelho, 07/06/2022
Maldaner não ouviu Antídio antes de se declarar
Situação ficou pesada dentro do grupo de apoio à pré-candidatura de Antídio Lunelli (MDB) ao Governo do Estado, depois que o presidente do partido, deputado federal Celso Maldaner, de forma isolada, deu a entender que a legenda fechará com o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva (Rep).
De acordo com líderes ligados a Antídio, o presidente do partido simplesmente não fez nenhuma consulta prévia ao pré-candidato, para saber se de fato ele abriria mão de sua pretensão. Para tentar remendar sua declaração, Celso Maldaner emitiu nota, pregando a unidade partidária, e convocando a cúpula da legenda para uma reunião na próxima segunda-feira, dia 13.
A grande verdade é que Celso Maldaner se empolgou com o fato do governador Carlos Moisés da Silva ter liberado mais de R$ 300 milhões para o Oeste catarinense na semana passada, e, em meio ao fervor típico de momentos como este, acabou declarando que o MDB poderia fechar com seu projeto de reeleição.
Este tipo de declaração tem sido feita a todo momento por deputados estaduais e prefeitos emedebistas, mas, em nenhum momento havia sido feita por alguém ligado diretamente ao projeto de Antídio Lunelli, que, por certo, se sentiu traído pela fala de Maldaner, ainda que não tenha se posicionado a respeito.
Fonte ligada ao ainda pré-candidato me disse que Antídio “ainda não tem posição pública a respeito dos últimos desdobramentos envolvendo o partido”. Isto, por si só, já demostra que Lunelli não concorda com a fala de Celso Maldaner, indicando apoio a Carlos Moisés.
O desmonte da pré-candidatura de Antídio Lunelli, no entanto, parece algo irreversível.
O próprio pré-candidato desmarcou o lançamento de sua pré-candidatura ao governo, que estava agendada para o próximo dia 11. Ato seguinte se reuniu com o governador Carlos Moisés, sugerindo uma aproximação. Também não teve forçar para desmontar uma alto-convocação da executiva do MDB, na semana passada, comandada pela terceira vice-presidente, deputada Ada de Luca, cujas tratativas depunham contra seus interesses.
O fato é que há um excesso de demonstração fragilidade, o que acaba inflamando os ânimos dos defensores do governador. Diante do atual cenário, mesmo que Antídio consiga fazer prevalecer uma candidatura sua ao governo, a grande maioria do MDB estará com Carlos Moisés.
Carta aberta ao MDB sinaliza apoio ao governador
Ontem Celso Maldaner emitiu carta aberta aos emedebistas, pregando a unidade partidária, mas, ao mesmo tempo, já dando a entender que o melhor caminho para o partido é uma aliança com o governador Carlos Moisés da Silva (Rep). Isto fica bem explícito no momento em que Maldaner sentencia que uma candidatura própria do MDB não é um posicionamento definitivo.
Diz o texto: “Na condição de presidente estadual do maior partido de Santa Catarina, o nosso grandioso MDB, cumpro o dever de informar que a possibilidade de uma candidatura própria ao Governo do Estado, defendida por uma ala do partido, em oposição a uma possível aliança, não significam de maneira alguma, um posicionamento definitivo.
Em respeito à democracia, e considerando o desenho político-eleitoral que vem tomando forma em tempos tão conturbados, cabe-me ouvir todas as lideranças, militantes e demais pessoas envolvidas nesse processo decisório.
Por isso, no dia 13 de junho vamos nos reunir com o diretório estadual para discutir e decidir quais rumos devem ser seguidos a fim, principalmente, de preservar o MDB enquanto partido com 56 anos de história”.
Maldaner reforça necessidade da unidade no MDB
A carta continua com o seguinte texto: “Diferenças não nos devem separar, mas sim, antes de tudo, representam um desafio a ser enfrentado com maturidade, coragem e sabedoria. Foi assim com Luiz Henrique e Pedro Ivo e recentemente com Eduardo e Mauro Mariani.
Graças ao diálogo, sempre chegamos a um consenso que fortaleceu mais ainda o partido, como quando apoiamos Raimundo Colombo a governador e senador. Diante da imensa responsabilidade de dirigir o MDB estadual, administrar conflitos internos e respeitar os anseios gerais, nunca unânimes – e aí reside o valor da democracia – tenho como missão manter a unidade deste gigante com seus 97 prefeitos, 67 vice-prefeitos, 823 vereadores, 9 deputados estaduais e 3 federais e mais e mais de 180 mil filiados.
Atentem-se, emedebistas, às configurações eleitorais que quase sempre independem da nossa vontade, mas que asseguram a nossa potência política (…)”. A carta continua com uma retórica que buscar remeter ao entendimento partidário, que só será alcançado, como se sabe, com a manifestação de apoio a Carlos Moisés.