Rolando Christian Coelho | Boeira vê dificuldade em unidade da esquerda

Pré-candidaturas de Dário Berger e de Décio Lima ao governo têm dificultado busca da unidade na Frente Democrática

Rolando Christian Coelho, 02/06/2022

Boeira vê dificuldade em unidade da esquerda

Ex-deputado federal Jorge Boeira (PDT) diz que as dificuldades na manutenção da unidade dos partidos de esquerda em Santa Catarina são reais. De acordo com o ex-parlamentar, a Frente Democrática, grupo político formado por oito partidos de esquerda, corre o sério risco de se fragmentar, caso não seja apresentado rapidamente um ponto de convergência entre os interesses do senador Dário Berger (PSB), e do presidente estadual do PT, Décio Lima, que almejam, cada qual, disputar o Governo do Estado.

Dário e Décio são pré-candidatos ao governo pela Frente Democrática. O petista, no entanto, tem a simpatia da maioria dos partidos do grupo, além das bençãos do ex-presidente Lula da Silva (PT), com quem se reuniu ontem em São Paulo, sendo novamente motivado a levar seu projeto adiante.

Dário, em princípio, se sente traído neste processo, já que deixou o MDB e se filiou ao PSB imaginando que receberia o apoio dos petistas e dos demais integrantes da Frente.

O fato é que Décio Lima não desistirá da disputa e tampouco manifestará apoio a Dário Berger. Isto poderá levar o senador a bancar uma candidatura autoral, disputando o governo com chapa pura.

A possível decisão, que, por certo, será um suicídio político no primeiro turno, poderá render bons frutos no segundo turno da eleição estadual, já que Dário ficaria livre para manifestar apoio a qualquer candidato ao governo que passasse para a segunda etapa da eleição, sem depender do aval dos demais partidos da Frente de Esquerda, o que inclui o PT.

Em princípio, Jorge Boeira tem se colocado como pré-candidato ao Senado Federal, ainda que seja cotado para concorrer como candidato a vice-governador em uma chapa encabeçada por Décio Lima. A preocupação neste momento, no entanto, está ligada a busca da unidade dentro da Frente Democrática, o que é capital para a vitória do grupo.

Com as múltiplas candidaturas ao governo que vêm se apresentado, é totalmente plausível supor que um candidato a governador possa chegar ao segundo turno das eleições em Santa Catarina com pouco mais de 20% dos votos, o que credencia um candidato da esquerda a passar para a segunda etapa do processo eleitoral em nosso Estado. Isto só se dará, no entanto, se houver unidade no primeiro turno.

Apenas três federações são formadas para 2022

Findado o prazo para a solicitação de federações partidárias, apenas três grupos políticos demonstraram interesse neste expediente. Os primeiros partidos a homologar pedido de federação foram PT, PCdoB e PV. Eles irão disputar as eleições deste ano como se fossem apenas uma legenda, e terão que permanecer nesta condição pelos próximos quatro anos. O mesmo se dará em relação ao PSDB e o Cidadania. Por fim, o Rede Sustentabilidade e o Psol também compuseram uma federação.

Em princípio, havia uma expectativa muito grande dando conta que PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil comporiam uma federação, o que acabou não vingando, e praticamente sepulta a consolidação de uma terceira via política no pleito nacional deste ano. Também era nutrida a expectativa de que o PSB iria se federar ao PT, mas interesses estaduais sepultaram o projeto. Em Santa Catarina as federações propostas não causarão nenhum impacto político mais profundo, nem na eleição deste ano, nem na municipal, de 2024.

MDB levanta bandeira branca para tentar entendimento

Cúpula do MDB catarinense decidiu levantar a bandeira branca e decretou um cessar fogo entre o grupo que defende a pré-candidatura de Antídio Lunelli ao Governo do Estado, e o que defende o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva (Rep). Como parte da trégua, o grupo de Antídio suspendeu o lançamento oficial de sua pré-candidatura, que estava marcado para ser realizado no próximo dia 11, em Curitibanos.

Já o grupo ligado a Carlos Moisés se comprometeu em dialogar abertamente sobre os destinos do partido, aceitando aquilo que o diretório estadual decidir. Neste momento, este grupo tem a convicção de que o diretório quer uma aliança com o governador.

Em meio a trégua, Antídio pretende conversar com o pré-candidato ao governo pelo União Brasil, Gean Loureiro, e também com líderes do PSD, para tentar viabilizar a composição de uma tríplice aliança, entre os dois partidos e o MDB. Esta seria a única possibilidade de mudança de posicionamento dos emedebistas que estão com Carlos Moisés. Afora isto, o apoio ao governador continuará.

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