Presidente estadual do MDB, deputado federal Celso Maldaner, diz que vai passar a presidência do partido para o deputado federal reeleito Carlos Chiodini. No pleito deste ano, Maldaner concorreu ao Senado, amargando a quinta colocação. Por sua vez, Chiodini foi reeleito para a Câmara dos Deputados. Em princípio, o repasse da presidência só poderia se dar via acerto institucional entre o MDB catarinense e o MDB nacional, já que no caso de renúncia de Celso Maldaner quem deveria assumir o comando do partido é o ex-deputado federal Edinho Bez, primeiro vice-presidente da legenda.
A cúpula do MDB catarinense, no entanto, deu tanta cabeçada no pleito eleitoral deste ano que o melhor que faz é passar o comando do partido de vez para Chiodini, figura ligada diretamente ao deputado estadual eleito Antídio Lunelli, que até tentou, mas não conseguiu ser candidato ao governo estadual pelo partido no pleito de outubro.
Se de fato a velha guarda do MDB se afastar, possibilitando com que a legenda se reoxigene, é possível que o partido ressurja das cinzas. Vale observar que nas duas últimas eleições estaduais o MDB sequer conseguiu chegar ao segundo turno na disputa pelo Governo do Estado. No que diz respeito a majoritária, também perdeu a filiação do senador Dário Berger no início do ano. Já no que diz respeito a eleição proporcional, diminuiu sua bancada de nove deputados estaduais eleitos em 2018, para seis eleitos neste ano. Na Câmara Federal, só conseguiu manter as mesmas três vagas de deputados federais no pleito deste ano porque PT e União Brasil não conseguiram cumprir dispositivos da nova legislação eleitoral ligados a proporcionalidade. Fosse meramente por questão de votos, teriam perdido a terceira vaga.
É muito provável que tudo se encaminhe para que o grupo de Antídio assuma o comando estadual do MDB catarinense. É a chance que o partido tem de ressurgir das cinzas em nível estadual. Para isto, no entanto, é preciso que os figurões que comandaram a legenda nos últimos 30 anos se afastem, e abram espaço para a reoxigenação emedebista. A legenda também precisa de forma urgente encontrar seu caminho ideológico. O MDB catarinense é uma colcha de retalhos, que abriga desde torturados pela última ditadura militar, até bolsonaristas de cruz na testa. Em um Estado pragmático como é Santa Catarina, isto destoa totalmente da realidade da expectativa do eleitor.
Câmara dos Deputados foca em Alexandre de Moraes
Câmara dos Deputados e Senado Federal começaram a direcionar suas artilharias para o Supremo Tribunal Federal e para o Tribunal Superior Eleitoral. Ontem o deputado federal gaúcho Marcel van Hattem (Novo) conseguiu reunir assinaturas mais que suficientes para instaurar uma CPI, cujo objetivo é investigar suposto abuso de autoridade praticado por membros do STF e do TSE. Dentre os abusos, estariam a busca e apreensão em endereços de empresários que compartilharam mensagens em aplicativos, a determinação de bloqueio em contas bancárias de 43 empresas e pessoas suspeitas de financiar atos antidemocráticos, e a censura a parlamentares, a um economista, e a jornalistas de dois órgãos de imprensa.
No Senado, o foco é o ministro Luis Roberto Barroso
A CPI que está sendo montada na Câmara dos Deputados tem como foco principal o ministro Alexandre de Moraes, tanto que foi apelidada de CPI do Xandão. Por sua vez, no Senado Federal, seis senadores já assinaram o pedido de impeachment do ministro Luis Roberto Barroso, por uma série de situações envolvendo o magistrado. Dentre elas o fato dele ter jantado recentemente com o advogado do presidente Lula da Silva (PT) em Nova York. Vale lembrar que Barroso votou favoravelmente pela anulação de todos os processos que envolviam Lula, o que acabou possibilitando com que ele disputasse a Presidência neste ano. Neste contexto, recentemente, ao ser provocado por um militante bolsonarista, o ministro disse: “Perdeu, mané!”. Estas, e uma série de outras situações, estariam colocando Barroso a mercê de ser acusado de ativismo judicial. Vale lembrar que somente o Senado tem poder para promover o impeachment de um ministro do Supremo.