Com onze deputados estaduais eleitos, PL de Santa Catarina está de olho na presidência da Assembleia Legislativa para o próximo biênio. O direito é mais do que legítimo, afinal de contas, o partido do governador eleito Jorginho Mello emplacou sozinho mais de 25% dos deputados estaduais para a próxima legislatura. Viabilizar este projeto, do ponto de vista matemático, não seria tão difícil, já que para isto bastaria buscar dez votos, dentre os 29 deputados estaduais restantes, para se chegar aos 21 necessários com o objetivo de eleger o próximo comandante do parlamento estadual. O fato é que política é muito mais do que isto, já que se trata da arte da composição, e não da imposição.
Em que pese o desejo dos deputados estaduais do PL de postular o comando da Assembleia, o conveniente é que o partido entregue a uma legenda aliada esta primazia. Não se trata de retroceder, ou de ceder espaço. Se trata de consolidar a base aliada. Ainda que tenha eleito no pleito deste ano o futuro governador, a futura vice, onze deputados estaduais, seis federais, e um senador, isto não significa que o partido seja uma ilha isolada no meio do oceano.
O ideal é que o PL ceda ao MDB a presidência da Assembleia, de modo unir o útil ao agradável. O MDB terá seis deputados estaduais, que aliados aos onze da legenda do governador, deixa o futuro comandante do Estado com a necessidade de conseguir apenas mais quatro votos para ter maioria no parlamento estadual. Por óbvio que Jorginho quer bem mais que isto, até porque, na atual conjuntura, é muito provável que ele já inicie sua gestão com pelo menos 24 deputados aliados, com reais possibilidades de chegar a 30 no decorrer de 2023. Todavia, a questão não é apenas ter quantidade, e sim qualidade. Esta qualidade só vem com a divisão do poder, na medida em que os incluídos se sentem responsáveis pelo todo. Neste sentido, entregar os principais cargos da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa à legendas como o MDB, União, PSD, PSDB, contemplando, por óbvio, o PL, é fundamental para ter harmonia na relação entre o executivo e o legislativo catarinense, o que, por fim, só traz benefícios a população do Estado.
PT de nariz torcido com Alckmin no protagonismo
Petistas andam de nariz torcido por conta do protagonismo de Geraldo Alckmin (PSB) diante do processo de transição do governo Bolsonaro para o governo Lula. O fato é que, pelo que foi apresentando no resultado final da eleição, Lula jamais teria ganho de Bolsonaro se não fosse pela presença de Alckmin na chapa, ou pelo menos sem a presença de alguém que inspirasse confiança ao mercado de capitais. Recorrer a Alckmin neste momento é meramente dar continuidade ao plano de demonstrar que Lula não irá andar fora da linha, praticamente, por exemplo, medidas extremas que afrontem os interesses do status quo da média do pensamento nacional. Fosse José Genuíno, José Dirceu ou José Guimarães o protagonista desta transição, provavelmente o apelo das manifestações bolsonaristas não teria ouvidos de mercador por parte de algumas instituições do país.
A exemplo do MDB, Progressistas precisa se reciclar
Na mesma linha do MDB, o Progressistas de Santa Catarina precisará se reinventar se quiser continuar vivo na política estadual. Com a tríplice derrota da família Amin, que não conseguiu eleger Esperidião ao governo, nem reeleger Ângela à Câmara dos deputados e João à Assembleia Legislativa, o partido terá que se reinventar sobre outros paradigmas. O grande problema do Progressistas é que seu discurso ideológico, oriundo da antiga UDN, está de posse dos bolsonaristas. Manter o alinhamento com a direita pura fatalmente fará com que o partido seja considerado uma segunda opção, ou até terceira ou quarta opção na hora do eleitor conservador votar. Se aproximar do centro, o fará bater de frente com legendas como o PSD, o PSDB e o União Brasil. Para não sumir, negócio é se grudar a algum segmente da economia, como o agronegócio.