Prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP) e seu vice, Caio Tokarski (União), renunciaram ontem a seus respectivos mandatos. Ambos foram presos preventivamente em fevereiro na operação Mensageiro, que apura fraude em licitação, organização criminosa, lavagem de dinheiro, e corrupção ativa e passiva no setor de coleta e destinação de lixo em vários municípios de Santa Catarina. Joares foi solto recentemente, mas Caio continua preso. As cartas de renúncia foram lidas ontem no final do dia pelo presidente em exercício da Câmara Municipal de Vereadores de Tubarão, Jairo dos Passos Cascaes (PSD).
Em princípio, este tipo de atitude visa preservar os direitos políticos em caso de condenação, na medida em que não sendo mais prefeito e vice, nem Joares Ponticelli nem Caio Tokarski poderiam ter seus mandatos cassados, fato que, em princípio, os tornaria inelegíveis por oito anos. Nada impede, no entanto, que a justiça impute a ambos esta penalidade. Em 1992, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello renunciou seu mandato para não ser cassado, ainda assim lhe foi imputada pena de inelegibilidade.
Como já foi transcorrido mais de 50% do mandato de Ponticelli e Caio Tokarski, a eleição para a escolha do novo prefeito do município precisará ser indireta, realizada pela Câmara Municipal de Vereadores. Neste sentido, tanto pode ser eleito um dos vereadores do município para concluir o atual mandato executivo, quanto qualquer cidadão de caráter reconhecidamente ilibado. Dentre os vereadores, o nome mais cogitado é o de Gelson Bento, uma das principais lideranças do Progressistas do município, que atualmente está comandando o município, já que era o presidente da Câmara de Vereadores quanto houve as prisões. Fora do legislativo, o nome que se ressalta é o do ex-governador Carlos Moisés da Silva (Rep), que possui domicílio eleitoral em Tubarão. Como a eleição é indireta, em princípio, o grupo de Joares Ponticelli tem votos suficientes para eleger qualquer um dos dois para comandar o executivo municipal até o final do ano que vem.
O que Ponticelli e seus conselheiros devem estar analisando neste momento é qual nome se encaixa melhor em um projeto de reeleição, afinal de contas, depois das aludidas prisões, a oposição deverá vir com carga total no pleito do ano que vem.
Finais
Em Tubarão, mesmo antes da renúncia de Joares Ponticelli e Caio Tokarski, a campanha eleitoral com vistas a 2024 já havia sido deflagrada. O deputado estadual licenciado, e atual Chefe da Casa Civil, Estener Soratto Júnior, filiado ao PL do governador Jorginho Mello, é o principal nome da oposição, na tentativa de desalojar o grupo político de Ponticelli definitivamente do poder. Seu grande dilema é tentar costurar alianças com partidos de centro, como é o caso do MDB, e principalmente de esquerda, para viabilizar seu projeto. Por sua vez, Ponticelli tentará se escapar da imputação de uma inelegibilidade para voltar por cima em 2026, provavelmente disputando mais uma vez a Assembleia Legislativa, para a qual já foi eleito cinco vezes.
Parece cada vez mais claro, dentro do Progressistas de Sombrio, que o vereador Peri Soares deverá ser o nome do partido para a disputa majoritária do ano que vem. Também lembrado como pré-candidato, o bioquímico Cristian da Rosa, que disputou o executivo pela legenda em 2020, tem trilhado à margem do processo sucessório, ao tempo em que Peri conquista espaço. Igualmente na oposição, o PT caminha a passos largos para homologar a candidatura a prefeito do policial civil Glauter Soares, que disputou à Câmara Municipal de Vereadores no pleito passado, sendo um dos mais votados. Todavia, o PT não conseguiu legenda para elegê-lo. Já na situação, tudo se encaminha para o projeto de reeleição da prefeita Gislaine Dias da Cunha (MDB).