Em entrevista à imprensa nesta semana, a deputada estadual reeleita, Paulinha Silva (Podemos), disse que o governador Carlos Moisés da Silva (Rep) chegou “com uma onda e vai embora pela mesma onda que o trouxe”. Esta fala tem sido repetida de forma cotidiana pelo meio político, numa alusão a onda bolsonarista de 2018, que teria eleito o governador de nosso Estado. Mesma onda que, repetida em 2022, teria derrubado Moisés.
A bem da verdade, trata-se de uma visão bastante simplista a respeito do processo eleitoral. Em 2018, de fato, Carlos Moisés foi beneficiado pela onda Bolsonaro, mas, também, pela total falta de engajamento do MDB à candidatura de Mauro Mariani (MDB), que se viu abandonado por seu partido em meio ao processo eleitoral. De fato, a onda Bolsonaro foi crucial para Carlos Moisés, mas o fator determinando para ele chegar ao segundo turno foi o abandono imposto pelo MDB a Mariani.
Em relação a 2022, quem derrubou Carlos Moisés não foi a onda Bolsonaro, e sim ele mesmo, por conta de sua falta de articulação política. No pleito deste ano, em vários Estados o presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu as eleições, mas seus candidatos ao governo perderam a disputa. Um exemplo bem próximo de nós está no Rio Grande do Sul, prova de que o bolsonarismo é seletivo e não necessariamente horizontal.
De fato, se Carlos Moisés tivesse permanecido aliado ferrenhamente ao presidente Bolsonaro, provavelmente teria sido eleito já no primeiro turno. Ele, no entanto, preferiu se afastar. Seu grande problema, no entanto, não foi o afastamento por si só, mas a falta da construção de um projeto alternativo. Ao querer abraçar a todos, o governador acabou não sendo abraçado por ninguém.
Seu caminho mais curto, diante de sua nítida simpatia pela social democracia, seria sua filiação ao MDB, e a busca de uma aliança com o PSDB e PSD para governar e garantir estabilidade política. O apoio dos bolsonaristas a seu projeto acabaria vindo através de figuras ligadas a estes três partidos, de forma natural. Como o óbvio não foi feito, no fim das contas o MDB migrou em grande parte para a candidatura de Jorginho Mello (PL), o PSDB foi com Esperidião Amin (PP) e o PSD com Gean Loureiro (União). Já o governador ficou com seus 50 prefeitos, depois de ter dado dinheiro para 300. Sempre é bom lembrar que o dinheiro até compra uma paixão, mas dificilmente compra o amor verdadeiro.
Bolsonaro aposta em aliado direto para comandar Senado
Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte, deverá ser o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao comando do Senado Federal. Marinho já ocupou o ministério do Desenvolvimento Regional, e é tido como homem de confiança de Bolsonaro. Em princípio, dos 81 senadores, 44 estariam alinhados ao projeto bolsonarista, mas a conta é elástica, e contabiliza senadores de legendas como o Progressistas, PSD e União Brasil, que num passado bastante recente sucumbiram ao canto do PT do presidente eleito Lula da Silva. Afora isto, as articulações com estas legendas também já estão em andamento, tanto com foco no comando do Senado, como na Câmara dos Deputados. De todo modo, é mais provável que a Mesa Diretora do Senado fique nas mãos de algum aliado de Bolsonaro, do que de um aliado de Lula, já que dois terços de sua composição está ligada a partidos de centro-direita, direita e extrema-direita.
Veja lista dos principais cotados para ministérios de Lula
Saiba quem são os principais cotados para assumir ministérios no governo Lula. Agricultura: Neri Geller, Simone Tebet e Carlos Fávaro. Educação: Fernando Haddad e Simone Tebet. Cultura: Chico César, Daniela Mercury e Juca Ferreira. Defesa: José Múcio Monteiro. Fazenda: Fernando Haddad, Henrique Meirelles, Pérsio Arida e Rui Costa. Cidades: Márcio França e Guilherme Boulos. Justiça: Flávio Dino, Pedro Serrano, Silvio Almeida, Simone Tebet e Wellington Dias. Meio Ambiente: Marina Silva e Randolfe Rodrigues. Minas e Energia: Jean Paul Prates e Eduardo Braga. Planejamento: Aloizio Mercadante. Relações Exteriores: Aloizio Mercadante. Segurança Pública: Flávio Dino, Benedito Mariano e Luiz Eduardo Soares. Casa Civil: Rui Costa e Jaques Wagner. Relações Institucionais: Alexandre Padilha. Povos Originários: Joênia Wapichana e Sônia Guajajara. Turismo: Marcelo Freixo.