Quase 50 deputados federais são coautores de um pedido de abertura de processo de impeachment contra o presidente Lula da Silva (PT), protocolado nesta semana na Câmara Federal. Em princípio, o pedido se baseia em supostos crimes de responsabilidade cometidos por Lula ao longo dos últimos quatro meses frente à Presidência da República. Dentre os crimes estaria a suposta participação de ministros do Governo Federal nos atos de depredação cometidos em Brasília no dia 8 de janeiro, obviamente, agindo nos bastidores da situação. Seis, dos 16 deputados federais de Santa Catarina, assinaram o pedido: Carolina de Toni (PL), Daniel Freitas (PL), Daniela Reinehr (PL), Gilson Marques (Novo), Juliana Zanatta (PL) e Zé Trovão (PL).
A falta de base parlamentar de Lula no Congresso Nacional acaba animando os defensores da tese de cassação do presidente, mas dificilmente este processo, pontualmente, surtirá algum efeito prático.
Lula não vive um bom momento com o parlamento nacional. O Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não vem dando conta do recado. A demanda vinda do Congresso é muito maior do que aquela que o governo pode atender, a começar pela cessão de Ministérios aos partidos aliados. Mas o fato é que Lula ainda tem gordura para queimar, a começar pela troca de ministros de sua confiança por outros de confiança dos partidos do Centrão. Tudo isto acaba ajudando a ir levando o governo com a barriga, que é o que ele tem feito até agora.
De fato, o risco de cassação do presidente existe, mas não neste momento. Isto é coisa para mais adiante, talvez depois de confirmada a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Aí, nem esquerda, nem direita. Quem mandaria no Brasil seria o Centrão, sem intermediários.
Finais
Prefeito de Brusque, Ari Vequi (MDB), e seu vice, Gilmar Doener (DC), foram cassados ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral. Uma ação movida pelo PT, do candidato derrotado em 2020, Paulo Eccel, defendia a tese de que ambos teriam sido beneficiados pela atuação do empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, naquele processo eleitoral. Basicamente, Hang gravou uma série de vídeos tecendo críticas a candidatura petista. O ministro Alexandre de Moraes partiu do princípio que houve abuso do poder econômico naquele pleito, desequilibrando a balança eleitoral em favor de Ari Vequi e Gilmar Doener. A decisão acende uma luz de alerta para o senador catarinense Jorge Seif (PL), já que ele também é alvo de um processo de cassação motivado pela ostensiva presença de Luciano Hang em sua campanha, que, supostamente, também teria lhe emprestado um helicóptero para deslocamento pelo Estado durante o pleito eleitoral do ano passado.
Presidente Lula da Silva (PT) sofreu uma derrota amarga na Câmara dos Deputados nesta semana. Sua tentativa de emplacar mudanças no Marco do Saneamento Básico contou com 295 deputados contrários à proposta, e apenas 136 a favor. MDB, União Brasil e PSD, que abocanharam nove Ministérios de Lula, em troca de apoio ao governo, votaram majoritariamente contra a proposta do Palácio do Planalto. Siglas como o Progressistas e o Republicanos, que estão de namoro, mas não estão oficialmente dentro do Governo Federal, também foram na mesma onda e votaram contra as mudanças no Marco do Saneamento. Basicamente, o que ficou bem claro é que sem o apoio do Centrão, Lula não consegue passar nem projeto para colocar nome de rua. Seus aliados mais fiéis não chegam a 140 votos, de um total de 513. O presidente também precisa ficar atendo a um fato: com mais 20 votos oposição já pode falar em impeachment.
