Rolando Christian Coelho 04-11-2022 | Jogo tem que ser dentro das quatro linhas

Milhares de brasileiros têm saído às ruas para protestar contra o resultado do segundo turno da eleição presidencial do último domingo. Trata-se de um direito legítimo. Nada mais democrático do que manifestarmos insatisfação com algo com que não concordamos quando o assunto é política, e muito mais ainda quando estamos tratando de política nacional. O limite, no entanto, precisa ser este.
As manifestações desta semana, no entanto, têm ultrapassado limites. O primeiro limite ultrapassado diz respeito ao bloqueio de rodovias federais e estaduais em todo o país. Trata-se de uma situação inadmissível, já que esta ação depõe totalmente contra o bem estar e a segurança da população brasileira, que é justamente aquilo que os manifestantes estão defendendo. Por conta disto, bloquear estradas é uma contradição por si só.
Outra situação totalmente questionável no qie diz respeito ao não respeito aos limites é o fato de boa parte dos manifestantes estar solicitando intervenção militar no Brasil, aludindo, para isto, o artigo 142 da Constituição. Trata-se de outra contradição, pois tal artigo, em seu bojo, sugere intervenção militar em caso de grave convulsão social. Em princípio, quem está principiando esta convulsão são os próprios manifestantes, e não um mal maior.
O fato é que o ex-presidente Lula da Silva (PT) ganhou a disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e isto precisa ser respeitado. Especialmente em Santa Catarina, onde 70% dos eleitores votaram em Bolsonaro, encarar uma realidade como esta não é anda fácil. Todavia, é a realidade que temos. Ademais, ao atingir 49,10% dos votos no segundo turno neste ano, Bolsonaro não precisará fazer muito esforço para voltar ao comando do Brasil daqui a quatro anos. Sem maioria no Congresso Nacional, a estabilidade governamental de Lula custará muito caro, só que desta vez ele não terá como pagar, pois a vigília sobre sua gestão será permanente.
Racionalmente, não há porque a direita ir para o tudo ou nada neste momento. Basta dar tempo ao tempo e se preparar para o próximo pleito nacional dentro dos limites constitucionais. Se tiver paciência e souber trabalhar, fatalmente retomará o comando do país, e não será por apenas um mandato.
Insurreição e golpe é coisa de republiqueta, algo que destoa totalmente da pujança do Brasil. Manter a vigília é o mais aconselhável, e mecanismos para isto não faltam. Basta querer que a vigília aconteça, sempre dentro da legalidade.

Transição: Alckmin soma, outros só atrapalham

PT acerta ao delegar ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), responsabilidade para promover processo de transição do governo Bolsonaro para o governo Lula. O partido erra, no entanto, ao trazer para os holofotes, neste momento, a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, que é deputada federal pelo Paraná. Do mesmo modo que errou ao permitir que o deputado federal cearense José Guimarães (PT) aparecesse ao lado de Lula, em seu discurso da vitória. Tratam-se de dois políticos torrados no cenário nacional, o que só serve para inflamar ainda mais os ânimos dos bolsonaristas. Figuras como o chanceler Celso Amorim, o ex-Ministro da Educação, Aluízio Mercadante, e o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy, soariam bem melhor neste momento de transição.

PT/SC quer emplacar “Ministério” da Pesca

PT catarinense está fechando questão em torno do nome ex-Ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, para que ele volte a assumir a pasta, que atualmente funciona com o status Secretária Nacional. Trata-se da mesma Secretaria que era comandada por Jorge Seif (PL), senador eleito por Santa Catarina. Altemir nasceu em Coronel Freitas (SC), mas fez carreira como veterinário e professor em Chapecó, município em que atuou junto às gestões municipais do PT. No embalo, o PT catarinense também está sugerindo que a Secretaria volte a ser um Ministério, para que o partido passe a ter uma representatividade robusta em Santa Catarina, de modo a tentar equilibrar suas forças em relação ao bolsonarismo. Tarefa é difícil, mas não custa tentar.

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