Evandro Neiva, Secretário de Turismo
É fato que Santa Catarina é um estado naturalmente privilegiado, com todas as estações do ano bem definidas e recursos que vão além do litoral. Os municípios do interior, por exemplo, oferecem atrações que não se vê em outros do país e que, se bem aproveitados, podem aumentar ainda mais o potencial econômico e turistico catarinense.
E foi com este intuito que, no último mês, o governador Jorginho Mello (PL) lançou oficialmente no calendário turístico do estado a Estação Inverno Santa Catarina, que vai de 1º de junho a 30 de setembro. Uma ação conjunta de vários órgãos públicos estaduais, com a participação do Sebrae e Fecomercio-SC, pretende transformar a maneira do estado se posicionar como destino turístico na estação mais fria do ano e levar os destaque da estação para além da Serra Catarinense.
A iniciativa foi do secretário de Turismo do Estado, Evandro Neiva, que quer promover Santa Catarina como um todo também no Inverno, incluindo no calendário as tradicionais festas de municípios como Treze Tílias, Nova Veneza, Urussanga, Campo Alegre, Concórdia, entre outros, aproveitando o potencial turístico do Estado, fomentando a cultura e economia catarinense para além do Verão, período tão cobiçado por turistas e empresários de todo o país.
A Coluna que, a partir de agora, irá mostrar semanalmente os destaques dos municípios catarinenses durante a estação, conversou com o Secretário Evandro Neiva para saber um pouco mais sobre o projeto e a atuação do Governo para incentivar o turismo de inverno no Estado.
Pelo Estado – Como se deu a criação e desenvolvimento do projeto Estação Inverno?
Evandro Neiva – O estado sempre se posicionou como tendo um único produto, o Verão. Nenhum governo, até então, havia reconhecido o Inverno também como um produto turístico. Pela primeira vez, nós estamos reconhecendo o potencial incrível que essa estação tem para desenvolver Santa Catarina. A ideia é que a gente possa oferecer mais oportunidades para os turistas, para os operadores que vendem o turismo do nosso estado e constituir Santa Catarina como um estado completo, com as quatro estações bem aproveitadas, diferenciado-o dos estados que possuem apenas duas estações.
Haverá um planejamento contínuo, assim como no verão, com uma programação de governo. Haverá investimento, sim, em campanhas publicitárias, estrutura e, o mais importante, é que agora há um papel de governança em cima desta pauta, tendo indicadores para podermos balizar as tomadas de decisões.
Quando se fala em Verão, os produtos são sol e mar e as cidades litorâneas. Não que não aconteça Verão no estado todo, mas existe o foco na praia. No Inverno é justamente o oposto. Há um foco nas cidades serranas, ambientes mais frios. E a grande vantagem de Santa Catarina é ter esses dois pontos fortes que devem ser explorados.
PE – Quais as regiões do estado que vocês identificaram que possuem maior potencial para se tornar ponto turístico de inverno?
EN – Assim como no Verão, o Inverno acontece em todo o estado de Santa Catarina. E como no Verão temos pontos focais, a exemplo de Balneário Camboriú e Florianópolis, no Inverno nós teremos também, que será a Serra Catarinense.
PE – Qual seria o diferencial de cada uma delas?
EN – Nós temos um estado com várias características e particularidades em cada município e isto se completa nas regiões. Nós temos o extremo sul e vale europeu que tem potencial que precisa ser explorado como produto. E foi isso que fizemos, dividimos as regiões para aproveitar a particularidade de cada uma delas, como as águas termais, voo de balão, o turismo de aventura e as vinícolas. O que o Governo do Estado está fazendo, junto com a Secretaria de Turismo, é qualificar esses “produtos” para ser bem assertivo na hora de vender para o turista estas regiões.
Sem contar que, além das belezas naturais, durante os meses de Inverno, os municípios têm uma vasta programação de festividades, são cerca de 140 eventos em todas as regiões. Entre elas estão a Festa Nacional do Pinhão, em Lages; a Festa da Gastronomia Típica Italiana, em Nova Veneza; Festa Nacional da Cachaça, em Luiz Alves; o Festival de Dança de Joinville; a Festa do Vinho em Urussanga; ExpoConcórdia e Festa Nacional da Maçã, em São Joaquim. Estas festividades vão além do lazer, são também oportunidades para geração de emprego e distribuição de renda.
PE – Haverá algum tipo investimento do governo do estado para fomentar o turismo nas regiões que ainda não são exploradas durante o inverno?
EN – O Governador Jorginho Mello (PL) vem anunciando uma série de investimentos que impactam não só a vida do catarinense, mas também a de quem vem visitar o estado. O turismo não é uma pasta isolada. Ele precisa de infraestrutura, de saúde, segurança pública entre outras coisas. O investimento anunciado para a Celesc, por exemplo, é muito importante para o crescimento da cadeia produtiva do turismo porque permite, por exemplo, que sejam abertas novas pousadas e novos restaurantes. Tudo isto gera uma demanda maior de infraestrutura. As rodovias estaduais que serão revitalizadas pelo Governo também impactam no crescimento do setor turístico. Estas são algumas formas de investimento no projeto da Estação Inverno.
PE – No verão, há toda uma organização de diversos setores para desenvolver e explorar economicamente o potencial do estado durante aqueles meses. De que forma isto acontece no inverno?
EN – O turismo do Inverno já vem acontecendo, o trade já vem se organizando, nós temos muitos municípios capacitados e outros que estão se capacitando, através de parcerias com o Sebrae e Fecomércio e tudo isto é importante. Toda essa relação de governança começa agora. O Governo, pela primeira vez, está fazendo com o Inverno o que faz com o Verão, o que nos possibilita ajudar e melhorar organizando e fazendo crescer a economia. O catarinense só vem a ganhar com essa extensão do calendário.
PE – O perfil do turista de inverno é diferente do turista que procura Santa Catarina no verão. Como esta mudança está sendo recebida e trabalhada pelo setor turístico?
EN – A partir de agora vamos começar a ter indicadores reais porque, até o momento, estava tudo muito vago. Quando o Governo assumiu a Estação Inverno não foi simplesmente para afzer um trabalho de marketing, foi também para ter dados e conhecer melhor o perfil do turista, dos locais, ter um planejamento para acompanhar tudo isso. Já sabemos que o turismo de Inverno é diferente do turismo de Verão, porém, nós sabemos que há outros dados que indicam que o perfil do turista das duas estações não diferencia muito, o que diferencia são os produtos e serviços que ele consome, ou seja, o modo como ele gasta. O perfil em si continua a base de famílias, jovens e casais. Nós compilamos esses dados de fontes diferentes, mas, agora, o Estado passa a ter uma fonte real para realizar um melhor planejamento com dados mais concretos.