Silvio Dreveck, Secretário de Indústria, Comércio e Serviço
Logo no início de sua gestão, o governador Jorginho Mello (PL) realizou algumas reformas nas pastas e criou novas secretarias, uma delas foi a de Indústria, Comércio e Serviço. Quem está à frente dela é Silvio Dreveck, que conversou com a Coluna esta semana para falar sobre os projetos, prioridades e desafios da pasta. Confira:
Pelo Estado – A Secretaria de Indústria, Serviço e Comércio foi resultado de um realinhamento que o governador Jorginho Mello fez na extinta Secretaria de Estado de Desenvolvimento. Como foi pro senhor assumir este desafio?
Silvio Dreveck – Bom, primeiro que eu considero que o governador foi muito feliz neste projeto. Porque antes tinha a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável em que estava a Indústria, Comércio, Serviço, Ciência, Tecnologia, Inovação, Turismo, Meio Ambiente, etc. Então, eu acredito que quando se fala na Indústria Comércio e Serviços há uma interpretação muito fácil de fazer. Existem vários programas que pertencem à indústria, outros pertencem a indústria, comércio e serviço e, isso, agora tem um foco. Nós estamos atualizando esses programas. Então, eu estou muito motivado, muito confiante que vai ser realizado um grande trabalho através da nossa Secretaria, obviamente, capitaneada pelo Governador, mas nós temos que dar o resultado para o governador e para os catarinenses.
PE – Como a Secretaria da Indústria e Comércio pode colaborar para manter Santa Catarina em 2 lugar no ranking de competitividade do país?
SD – Eu acredito que com o investimento que o Governador está fazendo no setor energético – serão R$ 4,5 bi nos próximos três anos – com investimento que ele pretende fazer no nosso sistema viário, vamos conseguir progredir. Outro ponto fundamental para o desenvolvimento do Estado é o investimento que está sendo feito na educação com o programa da Universidade gratuita, somado ao convênio que será feito com a Federação das Indústrias através do Senai, para promover formação profissional. Estes projetos somados aos programas que o Estado tem como o Prodec e Pró Emprego vai tornar Santa Catarina mais ágil e mais competitiva. Ainda podemos falar do Pronamp, que é um projeto do governador onde a pequena empresa vai ser contemplada com recursos para como pagamento com carência, com juros subsidiados. No que depender do Estado, vamos fazer de tudo para nos mantermos no ranking e até avançarmos um pouco mais, para o primeiro lugar. Lógico que não é tão simples assim, mas nós temos que acreditar e trabalhar para isso.
PE – Recentemente, o senhor esteve em um encontro com o Governo Federal para debater sobre incentivos para os setores de Indústria e Comércio e Serviços de Santa Catarina. Que avaliação o senhor faz desta reunião e qual o resultado dela?
SD – Tivemos a primeira audiência no Ministério do Trabalho e Emprego. Temos que melhorar a estrutura do Sine. Temos 22 postos em Santa Catarina e o MTE tem recursos para equipar, inovar e, principalmente, para formar as pessoas. Vamos encontrar alguma dificuldade para conseguir recursos, mas não porque não tenha, mas porque não foi previsto com antecedência pelo governo anterior, da legislação. Contudo, o diálogo foi bom e o Ministério poderá nos contemplar com estes recursos, à medida que formos repassando as informações e realizando as formalizações necessárias. Também estivemos no Sebrae, com quem vamos trabalhar em parceria para trazer mais recursos e fomentar a nossa micro e pequena empresa. Também estivemos no Ministério da Indústria e Comércio, falamos com o ministro que nos informou que está sendo elaborando o planejamento e execução de programas de incentivo à indústria, porque, na verdade, já faz muito tempo que não tem uma política industrial, por isso, fomos perdendo espaço. Se compararmos lá com os anos 70, por exemplo, a nossa indústria representava 50% do PIB, até mais que isso. Hoje, o Brasil está representando 25% e Santa Catarina está com 27%. Isso quer dizer que fomos comprando produtos de outros países e deixando os nossos de lado, então o que o Ministério determinou, e que está se criando, são esses programas para aportar recursos para inovação, investimento em infraestrutura, a reforma tributária do Governo Federal entre outras coisas. Estamos com esta falta e acredito que isto ajudará a tornar o Brasil um país mais competitivo. Nós temos que trabalhar com o Governo Federal, obviamente, para fortalecer a nossa indústria, a nossa economia. Mais para frente teremos mais reuniões para trabalharmos essas políticas públicas.
PE – No primeiro semestre da atual gestão, Santa Catarina atingiu US$ 5,8 bilhões em exportações, um número expressivo, porém, um pouco abaixo que o mesmo período do ano passado. Quais as metas traçadas e desafios para elevar este número?
SD – Para conseguirmos exportar mais, precisamos trabalhar com inovação, diminuindo custos, diminuindo a carga tributária, melhorando nosso sistema viário, porque isso representa muito na composição de um produto. Então, quanto mais tornarmos nossos produtos mais competitivos, mais nós vamos exportar, Temos, ainda, que levar em consideração que o mercado oscila. Hoje tem uma guerra na Ucrânia com a Rússia, tem países que importam do Brasil e de Santa Catarina que, por uma razão outra, como foi o caso agora do Japão que suspendeu temporariamente a nossa a nossa proteína de aves, tem fatores fora do nosso alcance que acaba afetando o dólar e outros componentes, mas nós resolvemos o que temos que fazer. Já estamos fazendo investimentos no nosso sistema viário, no sistema portuário, nos aeroportos. Precisamos ainda melhorar a segurança e avançar nos programas já citados e nas políticas públicas que ajudam o empreendedor. Não é para dar de graça, mas para facilitar. O Governo do Estado vai dar um aporte, através do Pronamp, o Sebrae, através dos universitários e nós vamos acompanhar o crescimento das empresas beneficiadas com esses projetos.
PE – Quais os principais desafios da pasta?
SD – Temos o desafio da atualização dos programas, que são os primeiros que devemos fazer. O segundo vai ser colocá-los em prática, como por exemplo o financiamento, que é um benefício que existe através do Pronamp, que vai ser também uma coisa muito boa, e as linhas de crédito através do Badesc, do BRDE, mas todo dia vão surgindo novas demandas. Temos algumas regiões que são mais necessitadas em apoio do governo. Podemos ver pelo último censo que o litoral cresceu muito, certo? Mas tem cidades que cresceu mais de 100% em 10 anos. E há também algumas cidades com densidade negativa, ou seja, diminuiu o número de habitantes. E toda a empresa que vem se estabelecer vai procurar um lugar que seja melhor pra ela, onde tem infraestrutura, sistema viário, de aeroportos. São muitos desafios, evidentemente, mas nós vamos trabalhar para vencê-los.
PE – Recentemente, o senhor esteve realizando alguns encontros pelo Estado para apresentar a estrutura da Secretaria e os programas atuais e futuros da pasta. Como foram esses encontros?
SD – A última região que estive foi no Planalto Norte e foi impressionante a falta de informação. Empresas de grande e médio porte que têm uma equipe capacitada têm conhecimento dos nossos programas. Para dar um exemplo, no município de Urussanga, na região da Facisc, comecei a apresentar os programas que o Estado tem e já fui logo comunicado de que a maioria dos que ali estavam nem sabiam da existência deles. Por isso, a realização desses encontros está sendo muito positiva. Produzimos também um material impresso com todas as informações e disponibilizamos para as empresas. Essas reuniões estão sendo mais um desafio, mas estamos enfrentando para levar informação e oportunidade para todo o Estado.
PE – E quais os projetos para os outros municípios do interior do Estado?
SD – Entre as prioridades para o interior está o programa que dá incentivo às indústrias para que se instalem em municípios com menor IDH. Além, claro, dos projetos do Governo para desenvolvimento destas regiões, com o avanço da energia trifásica, projeto em parceria com a Celesc. Cidades menores têm muitas demandas e nós estamos levando cada uma delas ao conhecimento do Estado, que deve trabalhar como um instrumento para diminuir a desigualdade social. É obrigação do Estado proporcionar para a população um bom sistema de ensino, um bom sistema de saúde e segurança. Até porque não havendo essa desigualdade entre os municípios, todos estarão igualmente aptos a receberem investimentos de fora, como com a instalação de empresas, por exemplo, que ajuda no desenvolvimento da região em todos os sentidos.