Eles são jovens, bonitos e bem resolvidos. Trabalham, estudam, têm amigos, amores e são gays. Como disse recentemente o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em uma entrevista em que assumiu ser homossexual, só falta a eles a última característica deixar de ser assunto e de ser citada. Quando isso acontecer, devem parar também as agressões, os atos e palavras preconceituosos, o olhar acusador.
Raquel Conceição é bissexual, ativista das causas LGBTQIA+ e negra, artista e professora. Israel Cardoso é gay, servidor técnico administrativo e membro do Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade do Instituto Federal Catarinense. Guilherme Freitas é gay, ator, digital influencer, dançarino, e diretor de vídeos de marketing digital. Hoje os três falam abertamente sobre sua sexualidade, mas nem sempre foi assim.
Raquel lembra que por muitas décadas o público gay teve que se esconder, por medo, e o medo tira a liberdade do ser humano. “A parte mais densa desse medo já passou. Hoje podemos ir a um culto ou à missa, somos bem-vindos em vários lugares”, diz. Porém, alguns avanços se fazem necessários. Um deles, cita, é a educação para a diversidade. Para Guilherme, que tem apenas 18 anos, foi justamente na escola seu maior trauma. Quando mudou para uma escola nova, ele esperava encontrar a aceitação que na antiga não tinha. Estava bem enganado e durante uma semana foi massacrado por alguns rapazes. “Eles combinaram de me torturar pra eu sair da escola. Todo dia eram chutes, pedradas, até que me empurraram, eu cai na frente de um carro, fui atropelado e me machuquei bastante”.
Guilherme é gay afeminado, gosta de usar pintura, o que o torna ainda mais alvo dos preconceituosos. Suas redes sociais, onde faz performances artísticas, são atacadas e mais de uma vez ele já ouviu a pergunta sobre a ‘escolha’ que fez.
Sua resposta é:”Ninguém escolhe ser assim, ninguém escolhe acordar todo dia pensando: ‘será que hoje vou apanhar na rua?'”.
Israel tem 35 anos e conta que sabia desde criança que era diferente dos outros meninos. O pai era bastante preconceituoso, o que o levou a somente ter coragem de assumir que sentia atração por homens aos 23 anos.
Relata sua história como forma de ajudar pessoas que passam pela mesma situação, e faz um apelo: “O apoio da família é fundamental, não abandone nem vire às costas para quem assume uma sexualidade diferente”.
Guilherme tem a sorte de ter a mãe como uma leoa em sua defesa. “Meu filho é normal, só tem outra preferência sexual. O caráter dele sim, que seja uma pessoa boa, isso é o que me interessa. Pais e mães tenham na mente apenas que nossos filhos são a luz de nossas vidas”, explica Sandra.