ENTREVISTA | “O estado tem uma economia planejada, com cadeias produtivas completas nos setores de indústria, comércio e serviços”

Celio Bernardi, presidente ACIF

 

A Associação Empresarial de Florianópolis, há quase 110 anos lidera o desenvolvimento econômico da cidade por meio da representatividade e de soluções para melhoria do ambiente de negócios e da competitividade das empresas da região.

A ACIF está presente em seis regiões da cidade (Centro, Continente, Ingleses, Canasvieiras, Lagoa e Sul) e conta com mais de 20 núcleos empresariais dos mais variados segmentos. Núcleos que capacitam e promovem jovens empreendedores.

A Coluna conversou com Célio Antônio Bernardi Júnior, presidente da ACIF sobre os projetos em desenvolvimento, a economia do Estado e Reforma Tributária.

Confira:

 

Pelo Estado – O senhor assumiu a presidência da ACIF há pouco mais de um ano. Como foi enfrentar esse desafio e como sua gestão está disponível até aqui?

Celio Bernardi – Minha trajetória dentro da ACIF foi marcada por uma preparação que começou ainda como líder do Núcleo Jovem, passando por diversas posições, como a diretoria financeira, último cargo antes de chegar à presidência. Esse caminho permitiu que eu conhecesse a entidade por completo, desde os núcleos empresariais até os regionais, desenvolvendo habilidades importantes para liderar a associação.

Em pouco mais de um ano de gestão, obtivemos resultados muito positivos. Crescemos mais de 1.000 associados, ultrapassando a marca de 5.000 empresas no nosso quadro associativo. Também aumentamos em 50% o engajamento nas redes sociais, melhorando a forma de comunicar o associativismo e nosso propósito. Além disso, realizamos mais de 250 projetos no ano, com a participação de mais de 600 voluntários, reforçando nosso impacto na cidade. Avalio esse período de maneira muito positiva e acredito que os resultados falam por si. Espero continuar entregando cada vez mais para nossos associados e para Florianópolis.

 

Pelo Estado – Qual o papel da ACIF para o setor empresarial de Florianópolis?

Celio Bernardi – A ACIF desempenha um papel crucial na organização e representação do setor empresarial, trabalhando para fortalecer o ambiente de negócios. Atuamos em frente como a redução da burocracia, combatendo as leis que oneram as empresas e as articulações que favorecem o desenvolvimento regional.

Nossos núcleos empresariais, com a metodologia empreender, promovem projetos que resolvem os problemas de cada setor, enquanto as seis regionais garantem a proximidade com os associados, desenvolvendo iniciativas específicas para suas localidades. Exemplos disso são projetos como o Viva a Lagoa e o Viva Norte da Ilha, que impactam diretamente as comunidades.

Hoje, Florianópolis enfrenta o desafio do pleno emprego, que exige investimentos em qualificação de mão de obra. Estamos empenhados em melhorar esse cenário para que o desenvolvimento econômico da cidade continue sustentável.

 

Pelo Estado – Quais são as principais dificuldades para o desenvolvimento do setor?

Celio Bernardi – Um dos grandes desafios é a qualificação e retenção de mão de obra em diversos setores. Além disso, há uma necessidade de atrair os consumidores para o comércio local, o que nos levou a criar iniciativas como a Área 55, que valorizam as empresas associadas e facilitam sua visibilidade.

Outra dificuldade constante é a segurança pública, especialmente em relação às pessoas em situação de rua, que afetam o comércio de rua. Essas questões são recorrentes entre os empresários, mas a ACIF se posiciona como uma ponte entre o poder público e o setor empresarial para buscar soluções articuladas que atendam às demandas da cidade.

 

Pelo Estado – Como o senhor avalia hoje o cenário econômico estadual?

Celio Bernardi – Santa Catarina apresenta um cenário econômico bastante positivo, com números impressionantes divulgados pela Secretaria da Fazenda. O estado tem uma economia planejada, com cadeias produtivas completas nos setores de indústria, comércio e serviços.

Essa pujança é resultado de um ambiente econômico mais liberal, que incentiva o desenvolvimento, aliado à segurança e à cooperação entre o setor privado, a sociedade civil e o governo. Esses fatores fazem de Santa Catarina um modelo diferenciado no país e refletem a força do nosso empresariado.

 

Pelo Estado – O senhor acompanhou de perto as discussões sobre a Reforma Tributária este ano. Qual é a sua avaliação sobre o projeto que está para ser aprovado?

Celio Bernardi – Estamos acompanhando a Reforma Tributária de perto, inclusive com ações recentes em Brasília, organizadas pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). Nossa principal preocupação é o impacto sobre o setor de serviços, que enfrentará um aumento significativo na carga tributária. Na última semana, a CACB, juntamente com outras entidades do setor, realizou junto com a Frente Parlamentar de Comércio e Serviços um encontro com a participação de mais de 100 lideranças empresariais e parlamentares em defesa do Simples Nacional.

Nos próximos dias, a CCJ irá fazer a entrega do relatório final do PL 068/2024. E, juntos, solicitamos a cooperação e mobilização de todo o sistema para reforçar os pleitos das Associações Comerciais junto aos senadores do estado.

Além disso, há uma questão grave: a reforma pode aumentar a carga tributária geral para algo entre 28% e 30%, prejudicando a competitividade das empresas e pesando sobre a população. Acreditamos que ainda há necessidade de discussão sobre uma regulamentação para mitigar esses efeitos e evitar que o Brasil se torne um ambiente ainda mais oneroso para os negócios.

 

Pelo Estado – Acabamos de sair de um processo eleitoral. Como foi a atuação da Associação neste período?

Celio Bernardi – Nos preparamos com pelo menos seis meses de antecedência, organizando uma ampla escuta dos núcleos empresariais e regionais. Realizamos mais de 250 agendas para mapear as demandas do setor empresarial e consolidarmos tudo isso em um documento entregue aos candidatos.

Tivemos uma ótima adesão: três prefeitos, incluindo o eleito, selecionaram nossa carta de compromissos. No pleito anterior, 42 das 52 propostas apresentadas pela ACIF foram realizadas, demonstrando nossa relevância como interlocutor do empresário.

Também tivemos 16 vereadores, dos quais três foram eleitos e se comprometeram com nossas pautas. Essa parceria reforça nossa posição como uma entidade parceira do poder público, garantindo que as demandas da classe empresarial sejam ouvidas e atendidas.

 

Pelo Estado – E quais os projetos em desenvolvimento hoje na Associação e a expectativa para o próximo ano?

Celio Bernardi – Estamos bastante otimistas com 2025, um ano especial em que comemoraremos os 110 anos da ACIF com eventos que devem mobilizar toda a cadeia produtiva de Florianópolis e de Santa Catarina.

Nosso foco será na representatividade e no fortalecimento dos associados, promovendo ações que ampliem a competitividade e a sustentabilidade financeira de suas empresas. Planejamos mais de 250 projetos e ações, incluindo capacitações e soluções que agregam diferencial competitivo para nossos associados.

Além disso, buscamos transformar a cultura organizacional da ACIF com mais eficiência e transparência, garantindo o uso responsável dos mais de R$ 4 milhões que serão investidos em 2025. Estamos confiantes de que este será um ano de grandes realizações para a entidade e para o setor empresarial de Florianópolis.

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