Entrevista – “A força do nosso estado vem de quem planta e colhe, do nosso agricultor que dorme tarde e acorda cedo”

Carlos Chiodini, Secretário de Estado da Agricultura e Pecuária

Há menos de um mês no cargo, o ex-deputado federal e atual secretário da gestão Jorginho Mello (PL), Carlos Chiodini (MDB), conversou com a coluna sobre o convite para assumir o cargo e seus planos e desafios à frente da pasta. Confira:

 

Pelo Estado – Antes do senhor assumir a secretaria, houve um período de “negociações” com o governador Jorginho Mello. Como foi o convite e o que pesou na sua decisão para deixar a cadeira de deputado federal e assumir como secretário estadual?

Carlos Chiodini – A decisão de solicitar licença da Câmara dos Deputados foi movida pelo compromisso com os catarinenses. O trabalho começou em Brasília e se amplia aqui no Estado, ao lado do produtor catarinense, que coloca comida na mesa dos brasileiros. Na Câmara trabalhei para construirmos legislações que atendam a realidade dos catarinenses, aqui irei trabalhar incansavelmente para que elas saiam do papel e se tornem políticas públicas efetivas. A força do nosso estado vem de quem planta e colhe, do nosso agricultor que dorme tarde e acorda cedo. Vamos dialogar com todos os setores da agricultura e pecuária para construirmos soluções conjuntas e fortalecer o nosso agronegócio.

Aceitei com muita honra o convite do governador, para contribuir e somar forças na promoção do desenvolvimento sustentável e da inovação no campo. O peso da decisão está no desafio de trabalhar para impactar diretamente a vida dos nossos produtores rurais.

PE – Ao assumir a pasta, o senhor falou em promover o desenvolvimento sustentável e a inovação no campo. Como isto será feito?

Carlos Chiodini – Quando pensamos em políticas públicas de forma integrada priorizamos o desenvolvimento sustentável agregando não apenas o aspecto econômico, mas também os impactos sociais e ambientais das ações. É com olhar voltado para esse conjunto de ações que vamos trabalhar, fomentando os programas de uso responsável da água, solo, dos recursos naturais e incentivando a busca de alternativas sustentáveis, como a energia solar no campo. Nosso Estado também se destaca como um grande protagonista na promoção da economia verde e sustentável, aliando a produção e conservação ambiental.

As práticas de inovação passam pelo trabalho de pesquisa e extensão realizado pela Epagri e Cidasc e pela busca de parcerias com universidades, centro de pesquisa e startups para fomentar a adoção de tecnologias e soluções que agreguem valor à produção rural, estimulem a permanência no campo e que potencializem a competitividade do setor.

Também vamos buscar parcerias para estimular a inovação no campo, ampliando os fóruns de capacitação e debate sobre práticas que promovam novas tecnologias no meio rural. Nesse processo todo queremos incentivar que os jovens sejam protagonistas, e estimulem novos projetos nas propriedades que integrem tecnologias avançadas ao processo produtivo.

PE – E quais suas ações prioritárias?

Carlos Chiodini – Vamos trabalhar pelo fortalecimento dos programas de apoio direto ao agricultor, buscando fomentar mais renda e condições para que o produtor invista nas suas propriedades e permaneça no campo. Nosso objetivo é garantir que os produtores tenham acesso a recursos e estímulos para que possam crescer e implantar melhorias nas propriedades. Na área de infraestrutura, uma das prioridades será a pavimentação rural, com o intuito de facilitar o escoamento da produção e melhorar a qualidade de vida dos produtores catarinenses. Na inovação e tecnologia, vamos buscar parcerias com os municípios para ampliar o acesso a equipamentos agrícolas e incentivar a adoção de novas tecnologias com trabalho em conjunto com instituições que caminham ao lado do agro. Vamos defender a melhoria das nossas rodovias, portos e o transporte de carga, além de investir em projetos de inovação e capacitação dos nossos agricultores, com foco na sustentabilidade e na adaptação às novas demandas do mercado, como a produção orgânica e de alimentos com maior valor agregado.

 

PE – A infraestrutura catarinense está diretamente ligada à produção do agronegócio. Existem planos conjuntos para o desenvolvimento destes dois setores? Se sim, quais são eles?

Carlos Chiodini – Estamos trabalhando em um planejamento estratégico integrado para o desenvolvimento tanto da infraestrutura quanto do agronegócio. Para fortalecer o agronegócio, precisamos garantir uma infraestrutura eficiente que possibilite o escoamento da produção e reduza custos logísticos. O Governo de Santa Catarina tem trabalhado em diversas frentes, como a melhoria das rodovias, o aumento da capacidade portuária, o que beneficia diretamente os produtores rurais. Além disso, vamos buscar trabalhar de forma interinstitucional, para que as ações sejam sincronizadas ao mesmo propósito.

 

PE – Em 2024, o agronegócio catarinense foi impulsionado pela pecuária, batendo recorde de exportação. Quais são as estratégias do governo e da secretaria para manter estes números em elevação?

Carlos Chiodini – Iniciamos 2025 batendo novos recordes na exportação de carnes, isso é consequência do trabalho de toda cadeia produtiva, da excelência dos nossos produtos e dos cuidados com a sanidade animal, que permitem que as carnes de Santa Catarina atendam os mercados mais exigentes e cheguem a aproximadamente 150 países.

Vamos continuar trabalhando de forma integrada para garantir o fortalecimento da qualidade da produção, a busca por novos mercados internacionais e a melhoria da eficiência logística. Precisamos garantir que a carne catarinense continue sendo reconhecida pela sua qualidade e segurança alimentar. Também vamos intensificar a aproximação com mercados externos e buscar diversificação na exportação, além de investir na logística para que a produção chegue mais rápido e com menor custo aos consumidores globais.

 

PE – Quais são os principais desafios do agronegócio catarinense?

Carlos Chiodini – Manter o setor competitivo diante dos impactos da instabilidade econômica e da variação de preços de commodities no mercado internacional é um dos grandes desafios. As exigências de mercado aumentam e a margem de lucro diminui. Estamos focados em superar esses desafios com políticas públicas que incentivem a adoção de práticas inovadoras no campo, com agregação de valor. Um dos grandes desafios enfrentados pelo agronegócio catarinense incluem a escassez de mão de obra no campo e a necessidade de modernização da infraestrutura rural para se manter competitivo. Esses desafios nos movem a estar junto do produtor, pensando e executando políticas públicas que se adaptem a essa nova realidade.

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