MDB catarinense está tendo dificuldades em conseguir se entender, o que, aliás, não é nenhuma novidade. A sigla tem em seus quadros um emaranhado de tendências ideológicas, que vai desde líderes ferrenhamente adeptos do bolsonarismo, até aqueles que enfrentaram os porões da ditatura pós 64. Não à toa os ranços internos são grandes, o que acaba se transfigurando na falta de unidade da legenda na atualidade. A carência de um líder nato, que abarque a todos, acaba acentuando a desagregação, e, por conta dela, resplandece a falta de um projeto único.
Passadas as desastrosas campanhas de 2018 e 2022, a expectativa era a que o partido fizesse uma espécie de mea-culpa e se reoxigenasse. Em princípio, isto não aconteceu, não está acontecendo, e não deverá acontecer. A legenda, por exemplo, tinha cacife para bancar a presidência da Assembleia Legislativa com o apoio do PL, do governador eleito Jorginho Mello, todavia, não conseguiu passar segurança quanto a sua unidade e sua real disposição em fechar com as pautas do executivo a partir de 2023. Foi neste contexto que os deputados do PL na Assembleia se aproximaram do deputado estadual José Milton Scheffer (PP), propondo aliança para o comando da Mesa Diretora do parlamento catarinense.
Jorginho Mello já sentiu que vai ter dificuldades em lidar com o MDB, já que a falta de um projeto partidário da legenda acaba fazendo com que a sigla tenha múltiplas demandas. Muitas delas contraditórias entre si. Na prática, diante desta realidade, o futuro governador corre o risco de agradar a um ou dois deputados, atendendo suas reivindicações, e acabar desagradando a vários outros.
A grande verdade é que o MDB catarinense está perdendo a oportunidade de se reerguer das cinzas através de uma aliança umbilical com o governo de Jorginho Mello. Se não estiver unido, o partido acabará sendo deixado para trás, e o futuro governador fechará questão somente com deputados alinhados com o pensamento bolsonarista, independentemente das siglas em que estiverem filiados. Neste sentido, cooptará dois ou três deputados emedebistas, e os demais que fiquem à mercê, o que esfacelaria de vez com a legenda no Estado.
Moraes diz que “ainda tem muita gente para prender”
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, não parece nenhum pouco intimidado com a tal CPI do Xandão, que poderá ser instaurada no Congresso Nacional. Ontem, durante a quarta edição do seminário “STF em Ação”, realizado em Brasília, ele disse que “ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar”. Sua fala foi feita logo após o ministro Dias Toffoli ter feito uma explanação, dando conta que nos Estados Unidos, depois da invasão do Capitólio, foram presas 964 pessoas, com duas condenadas por conspiração. Não ficou muito claro se Moraes estava se referindo a necessidade de mais prisões, e aplicação de multas, no caso dos Estados Unidos, ou se ele estava fazendo uma alusão as questões políticas que vêm acontecendo no Brasil. Em princípio, parece ter mandado um recado aos brasileiros.
Articulador de Zé Milton garante 23 votos, e quer chegar a 30
Deputado estadual Ivan Naatz (PL), que vem articulando a eleição do deputado José Milton Scheffer (PP) à presidência da Assembleia Legislativa, garante que o parlamentar já conta com 23 votos para seu projeto, dois a mais do que o necessário. A intenção dele, no entanto, é orquestrar um grupo que viesse a compor um colegiado com cerca de 30 votos. Quem está observando toda esta movimentação em torno de Zé Milton, com olhos de lince, é o deputado Júlio Garcia (PSD), que sabe do descontentamento dos parlamentares do MDB, do PSDB e dos partidos de esquerda, diante da possibilidade de eleição do progressista. Em princípio, Júlio parece estar esperando a poeira baixar para analisar a possibilidade de entrar em ação. Por óbvio, ele só fará isto se sentir que tem chances de bancar uma candidatura autoral a presidência da Alesc.