Rolando Christian Coelho | 07/11/2022 | Tendência é que a esquerda se frustre com Lula

A magérrima diferença proporcional no segundo turno, entre o presidente eleito Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), aliada a um futuro Congresso Nacional francamente vocacionado ao conservadorismo, contextualizada com revolta do chamado setor produtivo com o resultado final da eleição presidencial, farão com que a nova gestão nacional do PT seja extremamente comedida.
Lula e o comando central petista sabem que o novo governo, a ser iniciado no dia 1º de janeiro, trilhará um caminho sobre o fio da navalha. Qualquer deslize e já era. Não há margem para erros, já que há anos não se via no Brasil um sentimento de direita tão aflorado. Em que pese todo o apoio que Lula receberá da grande imprensa, o fato é que o avanço ideológico da esquerda em direção à direita será praticamente inócuo. A de se ressaltar que a direita está vacinada. Durante quatro anos Bolsonaro foi exposto a todo tipo de prova moral, e ainda assim fez quase 50% dos votos dos brasileiros. Lula tem margem, tanto é que ganhou a eleição, mas é uma margem extremamente pequena, e que só existe graças ao Nordeste do país.
Em um cenário como este, o que resta ao PT e a Lula é compor. O problema é que, diferentemente dos governos anteriores do PT, não haverá possibilidade de uma composição ao modo toma lá, da cá, com Lula entregando Ministérios inteiros a partidos aliados, com a chave na porta e a senha do cofre. Se fizer isto, será questão de meses para que escândalos como o do Petrolão voltem à tona, só que agora não mais para derrubar um governo, e sim para derrubar todo um arquétipo de esquerda, que provavelmente levaria décadas para se recuperar depois da perda do poder. Por conta disto, Lula vai andar pela sombra. Vai tentar aglutinar aliados que compactuem com ele com um projeto para o Brasil.
O problema é que para isto Lula precisará contar com o apoio do MDB, PSD e União Brasil. Trata-se do MDB de Renan Calheiros, do PSD de Gilberto Kassab e do União Brasil de Luciano Bivar. Estas três legendas, que comandam o chamado Centrão no Congresso Nacional, abrigam políticos que em sua maioria mantém suas bases eleitorais justamente através do toma lá, da cá. Na prática, se não tiverem o que oferecer materialmente às bases, não se mantém no poder. Esta é a grande dicotomia da nova gestão federal petista, que, em tese, não poderá lançar mão dos estratagemas do passado para ter governabilidade. Ou faz um governo republicano, ou fatalmente sucumbirá.
O problema dos governos verdadeiramente republicanos é que eles são muito dialéticos, e, por conta disto, não flertam com os extremos. É justamente aí que entra a história da frustração da esquerda, que deverá ter pouquíssimos avanços na nova gestão de Lula. É muito provável que estes avanços se resumam à retórica, ao discurso fácil, ao engajamento moral, mas não a práxis. É que não há espaço para colocar em prática conceitos fundamentais da esquerda. Pelo menos não se Lula quiser terminar seu mandato, sem que Geraldo Alckmin (PSB) o substitua. Por conta deste contexto, a tendência é que a esquerda se frustre com Lula

Urnas sem votos para Bolsonaro gera polêmica

Economista Marcos Cintra (União), que foi candidato a vice-presidente de Soraya Thronicke (União), no pleito nacional deste ano, questionou, via Twitter, o resultado de várias urnas eletrônicas no país. Em uma das postagens, ele diz que tem “razões para não concordar com Bolsonaro: falta de preparo e de cultura, baixa capacidade de liderança, e comportamento inadequado para presidir um país como o Brasil. Mas as dúvidas que ele levanta sobre as urnas merecem respostas”. Cintra da sequência a postagem dizendo que verificou dados do TSE e que não viu explicação para que Bolsonaro tivesse “zero votos em centenas de urnas”, a exemplo de municípios do Estado de Roraima e de São Paulo. O TSE determinou o bloqueio da conta de Cintra no Twitter, assim como deu 48 horas para que a Polícia Federal o ouça a respeito dos fatos.

MDB, PSD e União são caminho de Jorginho até Lula

Futuro governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) tem trabalhado em duas vertentes junto aos deputados eleitos, sejam eles estaduais ou federais. Em nível estadual, Jorginho busca costurar ampla maioria na Assembleia Legislativa, para ter tranquilidade durante seu mandato. Em princípio, só não deve se aproximar dos deputados eleitos pela esquerda, provavelmente abrindo exceção em relação a Rodrigo Minotto (PDT). Já no que diz respeito aos deputados federais, quer criar uma ponte com o futuro Governo Federal através dos três deputados eleitos pelo MDB, além dos dois eleitos pelo PSD e de um pelo União Brasil. Estes partidos estarão na base de apoio do futuro presidente Lula da Silva (PT), e em Santa Catarina serão aliados de Jorginho.

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