Pesquisa Data Folha, divulgada ontem, aponta o ex-presidente Lula da Silva (PT) com 49% das intenções de votos, contra 44% do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta reta final do segundo turno da eleição presidencial. O instituto ouviu 4.580 pessoas em 252 municípios, entre os dias 25 e 27deste mês. A pesquisa foi encomendada pelo Jornal Folha de São Paulo e pela TV Globo, estando registrada sob número BR-04208/2022 no Tribunal Superior Eleitoral. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Votos brancos e nulos somaram 5% e os eleitores indecisos 2%. No primeiro turno o Data Folha errou feio ao atribuir, um dia antes da eleição, 36% dos votos para Bolsonaro e 50% para Lula. O ex-presidente acabou fazendo 48,43% e o atual 43,2%.
Independentemente dos números divulgados pelo Data Folha ontem, de um modo geral a sensação que se tem, em nível nacional, é que Lula chega às vésperas do segundo turno com certa vantagem em relação a Bolsonaro. Não que ele tenha crescido, e tampouco que Bolsonaro tenha caído. O fato é que a base eleitoral de ambos parece bastante consolidada, sem margem para crescimento de um ou de outro. Maior prova disto é o fato da grande maioria das pesquisas que vêm sendo divulgadas neste segundo turno estarem apontando um percentual de indecisos na casa dos 2%. Trata-se de um índice muito baixo. Imagine que num contingente de mil pessoas, apenas 20 dizem que ainda não sabem em quem vai votar. Para Bolsonaro este cenário não é bom, já que Lula terminou o primeiro turno na frente. A manutenção da consolidação só beneficia quem tem termina o primeiro turno na frente.
Ainda que desfavorável, o cenário não é de fim de feira para Bolsonaro. Usada a margem de erro em favor do presidente, e em desfavor do ex-presidente, a diferença entre os dois cai para apenas 1% dos votos. Trata-se de uma suposição meramente aritmética, mas é embasada pela estatística. Sendo assim, é possível que a diferença entre ambos seja bem menor que os aludidos 5% do Data Folha.
Deixada de lado a pesquisa do Data Folha, e quaisquer outras realizadas nos últimos dias, o fato é que Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo, e é ele quem tem que correr atrás da máquina. Para virar o jogo, ele precisa que a abstenção nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste diminua, e que as abstenções no Norte e especialmente no Nordeste, aumente. Precisa também cooptar os eleitores de Simone Tebet (MDB) e de Ciro Gomes (PDT), e precisa, fundamentalmente, focar nos eleitores que estão indecisos e que estão dizendo que votarão em branco ou anularão o voto. Está exatamente aí suas chances de vitória, pois a tentativa de virar votos já atribuídos a Lula é uma total perda de tempo.
Em SC cenário parece definido
A exemplo do segundo turno em 2018, disputa pelo Governo do Estado em Santa Catarina parece totalmente definida. Há quatro anos, ninguém tinha dúvidas que Carlos Moisés da Silva, então filiado ao PSL de Jair Bolsonaro, venceria a disputa contra o então deputado estadual Gelson Merísio, que era filiado ao PSD. A mesma onda que elegeu Moisés agora está prestes a eleger Jorginho Mello (PL). Isto já era totalmente previsível no início do primeiro turno, ainda que a maioria do meio político, mantendo a velha prática de não olhar para os lados, não acreditasse. Mesmo na iminência da derrota, Décio Lima (PT) tem mantido postura, e marcado um precioso território para Lula da Silva (PT) em terras adversas.
Histórico, PTB de Getúlio deixará de existir
PTB está prestes a desaparecer da história do Brasil. O partido do ex-presidente da República, Getúlio Vargas, deverá se fundir com o Patriotas, dando origem ao “Mais Brasil”. O PTB foi fundado em 1945, e refundado em 1981 por Ivete Vargas, filha de Getúlio. Já na década de 1980 a sigla começou a abandonar sua tendência social-democrata e a se aproximar do conservadorismo e do liberalismo. No linguajar popular, deixou de ser de centro-esquerda e passou a ser de direita. Acabou perdendo seu referencial histórico, que foi ocupado por Leonel Brizola com seu PDT. Afora as questões político-eleitorais, o PTB fez parte da história do próprio Brasil, uma história que terá sua página virada.