Rolando Christian Coelho, 05/07/2022
Com medo de Moisés, partidos antecipam convenções
Não é segredo para ninguém que o governador Carlos Moisés da Silva (Rep) despejou vários caminhões de recursos nas prefeituras do Estado, e que, por conta disto, há prefeitos dos mais distintos partidos torcendo para que ele continue no comando do governo, seja por gratidão, seja pela esperança de que este modus operandi será mantido em uma futura gestão sua.
Os caciques de boa parte dos partidos do Estado já sentiram que não será fácil segurar a onda favorável a Carlos Moisés, orquestrada pelos prefeitos. Por conta disto, tomaram a precaução de marcar para o quanto antes as convenções partidárias, de modo a garantir o alinhamento de conduta de seus filiados. O MDB, que num primeiro momento havia divulgado que sua convenção seria realizada no dia 5 de agosto, acabou batendo martelo e a marcando para o dia 23 de julho.
Trata-se do primeiro sábado logo após o dia 20, que é a data que deflagra as convenções para as eleições deste ano. A nova data tenta garantir que as feridas que serão deixadas nas internas do partido tenham tempo de cura, independentemente do resultado. Basicamente, os emedebistas terão que optar pelo lançamento de uma candidatura própria ao governo, através de Antídio Lunelli, ou pela indicação de um nome a vice do governador Carlos Moisés da Silva.
Mas não é somente o MDB que quer definir logo a sua vida. O Progressistas, o União Brasil e o PSD também já marcaram para o dia 23 suas convenções. O Progressistas tem convergido cada vez mais para o lançamento do senador Esperidião Amin como candidato ao governo. Todavia, não faltam os que queiram apoiar Carlos Moisés, como é o caso do prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP).
Já no União Brasil e no PSD a situação parece mais sob controle, em que pese os dissidentes. No sábado, no lançamento da pré-campanha do governador à reeleição, por exemplo, vários prefeitos do PSD estiveram presentes. Vale lembrar que o PSD está aliado ao projeto do ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (União), de chegar ao comando do Governo do Estado.
Em princípio, Eron Giordani (PSD) deverá concorrer como seu vice, e Raimundo Colombo (PSD) como o candidato ao Senado da aliança. Para os dois partidos, realizar suas convenções o quanto antes é sinônimo de normatização de conduta interna.
O bom da história é que já no dia 23 haverá um desenho bastante claro do que será a campanha eleitoral deste ano em Santa Catarina, com duas situações bastante importantes sendo equacionadas no mesmo dia: o lançamento ou não de Antídio Lunelli, do MDB, ao Governo do Estado, como também o lançamento ou não de Esperidião Amin, do Progressistas, ao mesmo cargo.
Iludido, PSB acredita que Décio Lima (PT) não será candidato
PSB catarinense está nutrindo seus últimos esforços para tentar emplacar o senador Dário Berger como candidato a governador, apoiado pelos partidos de esquerda do Estado. Na prática, o PSB quer que o PT retire a pré-candidatura de Décio Lima (PT) ao governo e que o mesmo manifeste apoio a Dário Berger.
Por óbvio, o debate é mais do que natural na composição de um projeto político, e, principalmente, político-eleitoral. Todavia, este movimento que vem sendo feito pelo PSB é uma grande perda de tempo. O PSB e Dário estão malhando em ferro frio.
O partido será vice do PT em nível nacional. Por conta disto, se o PSB resolver lançar candidatura própria ao governo estadual, ele obrigatoriamente terá que fazer dobradinha com a candidatura de Lula da Silva (PT) à Presidência. A não ser que Dário acredite que, mesmo sozinho, consiga chegar ao segundo turno, e em estando lá, engendre uma grande coligação branca capaz de derrotar o bolsonarismo catarinense.
Zé Milton não foi ao lançamento da pré-candidatura de Carlos Moisés
Líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa, deputado estadual José Milton Scheffer (PP) não compareceu ao lançamento da pré-candidatura do governador Carlos Moisés da Silva (Rep) à reeleição, no último sábado. Zé Milton, por ora, é um defensor de um entendimento entre o Progressistas e Carlos Moisés, mas sua tese tem perdido força, na medida em que o governador se aproxima cada vez mais do MDB.
Na Assembleia Legislativa, além de Zé Milton, o Progressistas conta com os deputados João Amin e Altair Silva. João, por óbvio, quer que seu pai, Esperidião, seja candidato ao governo. Altair, que já foi Secretário de Agricultura de Carlos Moisés, também já declarou apoio a Amin.
O fato de Zé Milton não ter ido ao lançamento do governador é um claro indicativo de que o Progressistas irá mesmo concorrer ao governo com Esperidião Amin. A legenda, no entanto, precisa compor com outros partidos. Na lista de possíveis parceiros estão o PL, o PTB e o PSDB.