Rolando Christian Coelho, 09/06/2022
Moisés deveria se esforçar para ter o PP
O cenário eleitoral em Santa Catarina tem se configurado de modo a termos dois grupos políticos bem distintos nas eleições deste ano em nosso Estado. Um grupo, ligado ao pensamento social-democrata, que deverá orbitar a candidatura do governador Carlos Moisés da Silva (Rep), como também as candidaturas de esquerda; e um outro grupo, composto por candidaturas conservadoras e liberais.
Os eleitores que compactuam com o pensamento social-democrata fatalmente irão apostar em nomes como Carlos Moisés, Décio Lima (PT) e, quem sabe, Dário Berger (PSB), se este de fato disputar o governo.
Já os eleitores conservadores e liberais migrarão para candidaturas como a de Jorginho Mello (PL), Gean Loureiro (União) e, quem sabe, Esperidião Amin (PP), se, do mesmo modo, este disputar o governo. Deveremos ter ainda outras candidaturas de menor calão, grande parte ligada ao pensamento conservador e liberal.
É muito provável que os dois candidatos que disputarão o segundo turno estejam cada qual assentado em um destes vieses ideológicos. O mais natural é que Carlos Moisés avance para a segunda etapa da eleição, representando os sociais-democratas, desde que confirmado o apoio do MDB ao seu nome na primeira etapa da eleição. A segunda vaga caberia a um conservador ou a um liberal, que poderia ser Jorginho, Gean ou Amin. Isto, pelo menos, é o que sugere a lógica.
O problema de Carlos Moisés é que haverá uma tendência natural de concentração de esforços de conservadores e liberais para derrota-lo no segundo turno. Por conta disto, seria fundamental que ele buscasse cooptar uma fatia deste segmento para seu projeto de eleição, ainda no primeiro turno.
O partido mais próximo de aceitar esta condição é o Progressistas, por conta da simpatia que o governador nutre junto a maioria dos prefeitos e deputados estaduais da legenda.
Fechada uma aliança entre Carlos Moisés e o MDB, de fato não será fácil ter o Progressistas como apoiador deste projeto, por conta das divergências históricas que acometem os dois partidos. Todavia, como já enfatizou o deputado estadual José Milton Scheffer (PP), “em se tratando de política, tudo é possível, desde que seja justo para todas as partes”.
Basicamente, o que Carlos Moisés não pode é deixar engrossar o caldo da oposição. Em que pese toda sua concepção de gestão moderna, vocacionada ao municipalismo e ao não apadrinhamento, convém ressaltar que enfrentar de uma só vez figuras como Jorginho Mello, Gean Loureiro, Raimundo Colombo, Esperidião Amin, Jorge Bornhausen, dentre outros, não é tarefa das mais fáceis. Há de se somar a este contingente as naturais dissidências do MDB, por conta da fritura de Antídio Lunelli.
Ter o Progressistas ao seu lado pode ser capital para o governador, do mesmo modo que pode ser fatal não ter o partido como aliado, especialmente na segunda etapa da eleição.
Passada uma semana, Antídio não se manifestou ainda
Já se passaram sete dias desde que o presidente estadual do MDB, Celso Maldaner, deu a entender que seu partido fecharia com o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva (Rep), e, ainda assim, o pré-candidato oficial da legenda ao governo, Antídio Lunelli, não se pronunciou a respeito dos fatos.
O silêncio de Antídio também tem normatizado a conduta de seus principais apoiadores, que, do mesmo modo, não se pronunciam quanto ao possível apoio do grupo a Carlos Moisés. Enquanto isto, o grupo político do governador tem investido no PSDB, na tentativa de trazer o partido para a aliança.
O principal argumento é o de que o MDB já estaria dentro do projeto. Os tucanos também têm proposta para concorrer como vice de Esperidião Amin (PP), em uma majoritária que contaria ainda com o PTB de Kennedy Nunes disputando o Senado Federal.
Grupo do PSD não quer Progressistas na majoritária de Gean Loureiro
Grupo político do PSD ligado ao prefeito de Chapecó, João Rodrigues, e ao deputado estadual Júlio Garcia não quer que o Progressistas componha como vice de Gean Loureiro (União), no processo eleitoral deste ano. O grupo até aceita a legenda como apoiadora de Gean, desde que não esteja na majoritária.
A explicação é bem simples: a vaga de vice já está reservada ao ex-Chefe da Casa Civil do governo de Carlos Moisés da Silva (Rep), Eron Giordani, que também já foi Chefe do Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa, quando quem a comandava era Júlio Garcia.
Eron é uma espécie de coringa do PSD catarinense, e nome sem desgaste no cenário político eleitoral. Também não haveria espaço para o Progressistas disputar uma vaga ao Senado pela aliança, já que esta será destinada ao ex-governador Raimundo Colombo (PSD).