Rolando Christian Coelho | MDB confirma prévias com ares de resistência

Antídio Lunelli, Dário Berger e Valdir Cobalchini são os pré-candidatos do MDB ao Governo do Estado

Rolando Christian Coelho, 14/02/2022

MDB confirma prévias com ares de resistência

Em meio a uma disputa interna sem precedentes, o MDB catarinense confirmou as prévias, para a escolha de seu candidato ao Governo do Estado, para o próximo sábado, dia 19. Os embates internos no partido não são nenhuma novidade.

Nos últimos 40 anos a legenda já protagonizou diversas disputas internas até chegar ao nome de seu candidato ao governo. Mais que isto, já chegou até mesmo a rachar internamente, quando o ex-governador Luiz Henrique da Silveira (MDB) anunciou seu apoio à candidatura governamental de Raimundo Colombo, do PSD. Com os ânimos arrefecidos, o MDB voltou a se unir e venceu duas eleições na condição de vice de Colombo.

O que está acontecendo neste momento no partido, no entanto, é algo bem mais delicado. De um lado estão aqueles que defendem a candidata de um nome do MDB para disputar o governo. Do outro estão aqueles que defendem o apoio do MDB a uma candidatura do governador Carlos Moisés da Silva, que sequer está filiado ao partido.

Seria mais ou menos como deixar de escalar um atacante do próprio time, e entregar esta vaga a um atacante de outro time, numa final de campeonato. Quem defende esta tese diz que Carlos Moisés chuta melhor.

Em meio a esta disputa, o MDB confirmou as inscrições do prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, como também do senador Dário Berger e do deputado estadual Valdir Cobalchini como seus pré-candidatos ao governo. No próximo sábado, todos os membros dos diretórios municipais do MDB poderão votar em um deles, para a escolha de seu candidato a governador.

Antídio é considerado o principal nome desta disputa interna. Isto porque Dário já cogitou até mesmo a possibilidade de sair do MDB para ser candidato pelo PSB. Por sua vez, Cobalchini entrou na disputa para ser candidato ao governo no último dia 10. Não fez nenhum trabalho prévio pregando sua intenção.

De todo modo, parece estar nele as esperanças do MDB convergir para Carlos Moisés ao longo dos próximos desdobramentos, na medida em que Cobalchini é um dos deputados do partido que defendem o apoio ao governador, ou pelo menos defendia.

Finais

Em princípio, há duas frentes se organizando dentro do MDB com vistas às prévias no próximo sábado. A mais clara é a que defende a tese da candidatura de Antídio Lunelli ao governo. O grupo aliado a ele já está no trecho há mais de um ano trabalhando a construção de sua candidatura, não só no MDB, como também junto a outros partidos. A bem da verdade, a impressão que se tem é que o trabalho foi melhor feito junto a outras legendas, do que dentro do próprio partido.

Antídio é ligado ao grande empresariado catarinense, e, neste sentido, tem franco acesso a legendas como o Podemos, comandada pela família Bornhausen, como também ao PSD, de Raimundo Colombo e o PSDB do Norte do Estado. Suas possibilidades de reaglutinar a tríplice aliança são bastante grandes.

Internamente, as fichas de Antídio Lunelli também estão apostadas em uma aliança com o senador Dário Berger, que recebeu o convite para ser seu candidato a vice. Se esta dobradinha for consolidada ao longo desta semana, a convenção do dia 19 já nasce definida.

Dário sabe que não ganha as prévias do MDB, de todo modo se inscreveu como candidato ao governo prevendo duas possibilidades: ser candidato a vice de Antídio, ou, em sendo derrotado, protagonizar uma saída do partido pela porta da frente, se filiando ao PSB para ser candidato por esta legenda.

O problema é que ele também sabe que não se elege governador pelo PSB, sendo assim, sair do MDB só se justificaria diante de uma eventual eleição de Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Uma dobradinha PSB/PT no Estado poderia gerar dividendos futuros a Dário, caso Lula fosse eleito para voltar ao Planalto.

A questão que envolve Valdir Cobalchini é ainda mais complicada. Ele se inscreveu, para ser candidato ao governo pelo MDB, se dizendo sintonizado com os anseios do partido, que almeja ter um candidato próprio a governadoria. Argumenta que o sonho de ser governador é antigo, e ressalta que foi instigado pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira neste intento.

Diz que foi o deputado estadual mais votado da legenda em três eleições seguidas e que reúne as credenciais para governar Santa Catarina, do que, de fato, não se duvida. O problema é que Cobalchini faz, ou pelo menos fazia, parte do grupo de deputados que defendem o apoio do MDB ao projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva.

Por conta disto, a desconfiança de que ele está trabalhando para atender os interesses deste grupo são grandes.

Esta semana será tensa para o MDB, por conta dos desdobramentos internos esperados no partido. Atenção especial para o trabalho que os deputados estaduais deverão fazem em prol da pré-candidatura de Valdir Cobalchini ao governo.

A vitória dele nas prévias poderia garantir o apoio do MDB à candidatura de Carlos Moisés ao governo. Pelo menos a teoria é esta. Neste caso, Cobalchini poderia encaminhar, oficialmente, seu apoio a Carlos Moisés, aceitando ser candidato a vice do governador.

A grande questão é saber se o melhor para Carlos Moisés seria se filiar ao MDB, para uma dobradinha pura com Cobalchini, ou se filiar a uma legenda neutra, para receber o apoio dos emedebistas, que estariam orquestrados para isto.

As chances de que uma destas situações dê certo são muito pequenas, talvez na casa dos 20%. Todavia, em 2018 Carlos Moisés começou a campanha com apenas 1% de chances de ser governador.

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