Continua em risco de paralisação o curso de Medicina da UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina, campus de Araranguá, por falta de professores. Na tarde desta terça-feira, dia 9, acadêmicos e reitoria da universidade se reuniram para falar sobre o problema e buscar soluções. Hoje, das 60 vagas disponíveis para professores da graduação, apenas 28 estão ocupadas. Além disso, não há nenhum técnico. “Há o comprometimento para buscar esses 60 professores para que as aulas prossigam de forma normal. Nossa preocupação é que agora, uma das turmas está sem aula”, comentou Eugênio Simão, diretor do campus da UFSC em Araranguá.
A turma de Medicina que está sem aula é a da 7ª fase, a primeira do campus. Os acadêmicos teriam que ter nesta fase 41 horas aula e estão tendo apenas 1 hora aula, a de TCC, que não depende de professor.
Conforme os estudantes, a reunião desta terça terminou sem uma solução para o impasse.
Problema na Justiça
O receio dos estudantes pela interrupção do curso vem desde o ano passado. De acordo com o Calmed, Centro Acadêmico Livre de Medicina, a reitoria da universidade, em Florianópolis, foi alertada em abril de 2020, sobre o risco de paralisação por falta de profissionais. Em resposta, a administração disse que o problema estava no Ministério da Educação, que não estava cumprindo o pacto firmado em 2017, prevendo a liberação de códigos para a contratação dos profissionais. Oficiado, o governo federal garantiu que não recebeu qualquer solicitação da UFSC para abrir novas vagas.
Em agosto deste ano, o Calmed acionou o Ministério Público pedindo explicações à UFSC, que pouco tempo depois, abriu um edital para contratação de nove professores substitutos. O Calmed alega que apenas seis inscritos se apresentaram, porém, só um profissional foi contratado.
Em nota, a reitoria diz que apenas duas vagas foram abertas no campus de Araranguá, em agosto de 2021, através de um lançamento de chamada pública de redistribuição de vagas entre Instituições Federais de Ensino Superior, em campos de conhecimento distintos.
Um docente foi selecionado no único campo de conhecimento em que houve inscritos (Ciências da Saúde/Medicina/Cirurgia). O processo de redistribuição está sendo conduzido no âmbito administrativo. A universidade também garantiu que foi aberto concurso para vagas efetivas em setembro de 2021, em que um candidato foi admitido.
Além disso, de acordo com a UFSC, três processos seletivos foram abertos sequencialmente desde o início de setembro para ocupar nove vagas de docentes substitutos. No primeiro foram abertas nove vagas, com seis inscrições homologadas e três aprovados. Todos foram convocados, mas somente um candidato assumiu uma vaga.
Seis vagas foram abertas no segundo edital, com uma inscrição que não pôde ser homologada. Já no terceiro edital, que abriu com sete vagas, teve inscrições prorrogadas por falta de inscritos.
Na mesma nota, a instituição diz que, por causa de determinações externas, não poderão ser efetivadas novas contratações antes de 2022.
Estudantes reclamam
“Antes da criação, em 2017, foi pactuado que receberíamos 60 docentes e 30 técnicos, mas isso não aconteceu e faz dois anos que a Reitoria não realiza concurso público para contratar novos profissionais, sendo que deveria ser gradativa a contratação deles”, reclama o estudante e secretário do Calmed, Vitor Henrique Macarini, ecoando o clamor de outros acadêmicos.
Enquanto acompanhavam a reunião de forma online nesta terça-feira, estudantes, munidos de cartazes, protestavam alegando terem sido abandonados pela universidade. “Nossos professores estão há dois semestres com as cargas horárias estouradas para tentar suprir a falta de profissionais, mas agora chegou um momento em que a conta matemática não fecha”, completa Macarini.
A comunidade acadêmica, agora, espera uma solução o quanto antes, para que o sonho de se tornar um profissional de Medicina na Amesc, que tanto necessita de médicos, não morra antes de virar realidade.