Rolando Christian Coelho | 26-05-2023 | A tal CPI do 8 de janeiro

O Congresso Nacional instaurou a chamada CPI dos Atos Golpistas, que tem como objetivo investigar a invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília, no último dia 8 de janeiro. De um lado estão os parlamentares federais ligados à Presidência da República tentando imputar culpa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De outro lado estão os parlamentares ligados ao bolsonarismo buscando culpar o Governo Federal, comandado por Lula da Silva (PT), pelos atos, que teriam por objetivo imputar culpa ao ex-presidente Bolsonaro.

A grande mídia, e especialmente a Rede Globo, tem se esforçado para tentar ligar a invasão à Praça dos Três Poderes a um Golpe de Estado. Trata-se, na verdade, de uma tese estapafúrdia. Isto porque, quando a invasão aconteceu, o ex-presidente Jair Bolsonaro já estava nos Estados Unidos. Sendo assim, não há nenhum sentido em se promover golpe de Estado com o suposto líder do movimento não estando no país.

Do outro lado da moeda, e no mesmo sentido, também não haveria motivos para o grupo político do presidente Lula instigar toda aquela algazarra aos olhos do mundo, em um momento em que a tese do PT era a de reconciliação e reconstrução nacional, e de ampliação das relações bilaterais com outros países.

O que aconteceu em Brasília nada mais foi do que a manifestação coletiva de alguns milhares de aloprados, grande parte sexagenários, que imaginavam afrontar o governo Lula com a promoção de um quebra-quebra generalizado. O único propósito foi este, tanto é que não houve qualquer tipo de convocação, discurso, ou expediente que o valha, e que lembrasse alguma intenção de golpe.

É claro que a motivação original era a de intimidar os poderes constituídos, e, neste sentido, viu-se uma deferência especial ao prédio do Supremo Tribunal Federal. Justamente por esta predileção se observa um movimento de vingança, e não de golpe.

Nada disto exime os manifestantes de suas reponsabilidades. De forma integral eles precisam ser punidos, com todo o rigor da lei, pois afrontaram a legislação vigente no país e imputaram um grande prejuízo ao Brasil ao destruir prédios públicos.

Que houve omissão do Governo do Distrito Federal, e até mesmo do Governo Federal nas ações que estavam se desencadeando, não há dúvidas. Do mesmo modo não há dúvidas que líderes bolsonaristas não se esforçaram nenhum pouco para desestimular os manifestantes. Isto, no entanto, está muito longe de configurar um golpe de Estado.

Golpe de Estado é uma outra história, muito mais melindrosa. Admira-me a Rede Globo, que é catedrática no assunto, não saber disto.

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